É antiga a luta dos povos contra os impostos. Essa luta cresce quando Estados e governos decretam impostos abusivos e sem retorno efetivo para a sociedade.

No Brasil colonial ficou famosa a “derrama”, que estimulou a própria Inconfidência Mineira. Portugal já ficava com 20% do que era extraído nas minas. Porém, resolveu aumentar as taxas e apertar a fiscalização. Esse abuso atiçou a revolta dos mineradores e dos setores mais avançados da população.

O aumento de impostos e de taxas não decorre só da vontade exclusiva de governantes. Uma forma de arrochar a sociedade é o aumento da taxa básica de juros e outras. O poder financeiro pressiona o governo e este aumenta juros e taxas. Essa prática extorsiva encarece a vida do setor produtivo e dos trabalhadores. Quem ganha é o setor financeiro, como se vê nos balanços dos bancos.

A pressão por mais impostos é cíclica. Neste momento, o Brasil vive uma aceleração desse ciclo. O pacote fiscal reduz direitos e benefícios a fim de cortar gastos públicos. A recente suspensão da desoneração da folha de pagamentos restabelece a pesada carga fiscal. Vai, primeiro, punir o setor produtivo e, depois, gerar desemprego.

Quando o governo aumenta taxas e impostos, a sociedade reage. Essa reação costuma ser ampla, pois mobiliza desde o grande industrial até o operário mais modesto, que vê a produção cair e o seu emprego correr risco.

O sindicalismo é o setor organizado que mais combate o imposto abusivo e o juro alto. A experiência da classe trabalhadora ensina que ela própria é quem mais sofre com ajustes fiscais e aumento de taxas e juros. Por isso, desde meados de janeiro, o sindicalismo está indo às ruas e irá de novo dia 18.

O movimento sindical sabe que, sozinho, não consegue fazer o governo reverter as medidas impopulares ou produzir reviravoltas no Congresso Nacional. Por isso, busca apoio de outros segmentos, entre os quais o setor produtivo.

Recentemente, o Sindicato dos Metalúrgicos fez Seminário tendo a questão industrial como um dos focos principais. É hora de reagir, de forma articulada. Essa luta precisa combater também o capital financeiro, cuja ganância gera crises, provoca desemprego e impõe sofrimento a milhões de pessoas.

Não é tarefa fácil. Mas faz parte da missão de quem quer um País justo, um Estado a serviço da Nação e que não ceda à exploração econômica, especialmente a exploração imposta pelo capital financeiro. É uma luta urgente!

José Pereira dos Santos
Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região
E-mail: pereira@metalurgico.org.br
Blog: pereirametalurgico.blogspot.com
Este artigo foi publicado no jornal Guarulhos Hoje, dia 4 de março de 2015.