Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região
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Primeiro Mundo onde?

O brasileiro, quando quer dizer que um trabalho é bom ou alguma coisa funciona direito, diz: “É coisa de Primeiro Mundo!”.  A frase, mesmo falada por quem não conhece um País desenvolvido, mostra que existe entre a população um sentimento de que as coisas precisam ser bem feitas e os serviços devem funcionar a contento.

A regra que vale para obras e serviços deve valer também para um País. O que define, portanto, um país de Primeiro Mundo? Há o Índice Gini, por exemplo, e também existe o IDH – Índice de Desenvolvimento Humano, que estabelecem padrões aceitos internacionalmente.

Mas não há necessidade de dominar essas fórmulas para constatar a realidade nua a crua. Basta andar pelas ruas das nossas cidades e olhar ao redor. Aliás, às vezes, o que denuncia a situação é exatamente não sair de casa, por medo, ficando fechado dentro de residências cercadas por altos muros, com cercas eletrificadas.

Ultimamente, muito se tem falado que o Brasil já é a sexta ou sétima economia, o que colocaria nosso País no patamar de Primeiro Mundo. Isso é falso. O indicador econômico é importante, mas não é o único. Há outros indicadores reais que apontam para, infelizmente, um padrão ainda de Terceiro Mundo em muitos setores.

A diferença é abissal entre a Educação daqui e de lá. No Primeiro Mundo a Educação pública é de qualidade e para todos. No Brasil, infelizmente, a Educação pública, que é somente para os pobres, recebe poucos investimentos, tem baixa carga horária e os professores ganham pouco. Os ricos têm condições de colocar seus filhos em escolas particulares e caras, mas garantindo educação de qualidade.

No Primeiro Mundo a segurança pública é eficaz e efetiva. No Brasil, as chacinas, o assassinato de policiais, a falta de uma política nacional de segurança e os baixos salários das forças públicas já dizem tudo. Os ricos ainda podem utilizar o serviço de segurança privada, construir verdadeiras fortalezas para se proteger. Mas os mais pobres ficam à mercê da criminalidade.

No Primeiro Mundo, o transporte é integrado: aéreo, terrestre, ferroviário e navegação e a população utiliza o transporte coletivo que é de qualidade e rápido. Aqui, nossa economia depende de estradas ultrapassadas, mal conservadas e perigosas. As ferrovias foram liquidadas; nosso potencial de transporte por hidrovias mal começa a ser explorado. O transporte coletivo é caro e superlotado.

Todas as pesquisas nas últimas eleições mostraram grande descontentamento com o atendimento à saúde, incluindo a rede privada (convênios). Falta de funcionários e de equipamentos, equipamentos desativados, atrasos em consultas e exames denunciam o descalabro a qual está submetida à população mais pobre.

Num mundo onde a tecnologia faz a diferença, o Brasil investe pouco em pesquisa e nossas universidades não distribuem conhecimento. Nos Estados Unidos e Europa é comum milionários deixarem fortunas para universidades, hospitais e centros de pesquisa. Aqui, preferem gastar em Punta del Este, Las Vegas e Miami.

Acidentes de trabalho - No Primeiro Mundo, esse tipo de ocorrência é rara. Aqui, as mutilações, mortes e doenças nos ambientes de trabalho são impressionantes.

Poderia citar mais exemplos de como estamos longe do Primeiro Mundo. Prefiro, porém, reafirmar que devemos lutar por um país justo, menos desigual e mais pacífico. Aí, sim, de Primeiro Mundo.

José Pereira dos Santos
Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região
E-mail: pereira@metalurgico.org.br
Blog: www.pereirametalurgico.blogspot.com

Este artigo foi publicado no jornal Guarulhos Hoje, dia 7 de novembro.

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