Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região
Telefone (11) 2463.5300 / E-mail sindicato@metalurgico.org.br

 


Combater as desigualdades

O processo histórico é lento, amplo e contraditório. Portanto, a ideia de que o progresso anda em linha reta, sempre em frente, não é regra geral. Às vezes, um país está indo bem, mas acaba sacudido por uma sucessão de fatos que derrubam a economia, paralisam o governo e espalham prejuízos entre a população.

Essa regra, naturalmente, não exclui o Brasil. Aqui, apesar dos avanços econômicos, sociais e institucionais, especialmente a partir da Constituição de 1988, resta-nos ainda um pesado saldo social, que demora a ser resgatado.

Um dos setores onde essa herança se mostra mais nefasta é na esfera racial. Ao longo dos séculos, nossos índios foram massacrados pela “marcha do progresso”, acabando em reservas, para não ser dizimados. E nossa enorme população afrodescendente ainda sofre forte exclusão, ficando quase sempre à margem do progresso.

Onde se vê isso nitidamente é no mercado de trabalho. O Dieese tem alertado que o negro é o último a ser contratado e o primeiro a ser demitido. O Dieese também aponta diferenças salariais significativas entre brancos e negros, revelando que chega a ser clamoroso o arrocho salarial imposto à mulher negra.

Pesquisa de Emprego e Desemprego, de 2010, escancara essa situação: a taxa de desemprego entre as trabalhadoras negras foi de 16,9% - mais que o dobro da taxa masculina dos não-negros (8,1%). O rendimento médio da mulher negra representava 44,4% do homem não-negro e o rendimento médio do homem negro, 62% do não-negro.

A pesquisa dos institutos é importante por revelar as gritantes diferenças salariais e profissionais, bem como apontar, por exemplo, as desigualdades de oportunidades de estudo. Se ganha mal e também tem menos oportunidades de estudar, fica claro que o ciclo de exclusão do negro tende a se manter.

Pesquisas são importantes. Mas observar o que nos está próximo também ajuda a mostrar a realidade. Por exemplo: quando fazemos assembleia em fábricas, fica visível constatar que a população negra está concentrada na produção (portanto, salários menores e condições de trabalho piores), enquanto o setor administrativo é quase sempre branco.

Mesmo a política reproduz esse quadro. Câmara e Congresso, com poucas exceções, têm pouco número de negros e quase nenhum descendente de índios.

Consciência - Aponto esses fatos para prestar homenagem ao Dia Nacional da Consciência Negra, 20 de novembro. Reafirmo que nosso Sindicato continua a combater todas as formas de discriminação, lembrando também que o PDT, ao qual sou filiado, é pioneiro em assegurar ao negro espaço nas instâncias da direção partidária.

A humanidade é uma só. E, se na prática, não é assim, ainda, temos de nos empenhar para que um dia seja uma grande família.  As diferenças naturais devem ser respeitadas, mas as desigualdades têm de ser combatidas.

José Pereira dos Santos
Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região
E-mail: pereira@metalurgico.org.br
Blog: www.pereirametalurgico.blogspot.com

Este artigo foi publicado no jornal Guarulhos Hoje, dia 21 de novembro.

Voltar Topo Enviar a um amigo Imprimir Home
Receba nosso boletim: Nome Email