Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região
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Os desafios das Igrejas

A renúncia do papa Bento XVI gerou surpresas e expectativas. Sua intenção certamente foi longamente amadurecida, mas mantida em sigilo até a consumação. Alemão, disciplinado e com forte formação doutrinária, o ex-cardeal Ratzinger acabou provocando um debate que há muito tempo a Igreja Católica deveria ter estimulado.

Tudo muda. E o mundo moderno muda depressa. As religiões e igrejas que enxergam essas mudanças crescem. As que se aproximam das novas massas urbanas, com todos os seus problemas e contradições, ampliam seu poder real.

Faz uns 15 anos, o Jornal da Tarde entrevistou um ex-dirigente do Partido Comunista Francês e intelectual respeitado, que havia se convertido ao Islamismo. Ele se chamava Roger Garaudy. O jornal quis saber por que ele apoiava o movimento radical islâmico. Ele disse: “Eu apoio porque é o único movimento organizado que se opõe ao padrão de vida ocidental, que dá voz aos jovens e aos excluídos”.

Boa parte do Oriente Médio, hoje, é governado por regimes islâmicos, não havendo, portanto, separação efetiva entre religião e Estado. Mesmo em Israel, cujo padrão de vida e de costumes é muito mais próximo ao do Ocidente, o Estado sofre forte influência do poder religioso.

Nos países ocidentais, especialmente nas periferias urbanas pobres, houve forte crescimento das religiões neopentecostais, que angariaram legiões de adeptos. Seus líderes também souberam entender os avanços tecnológicos, passando a usar em larga escala os meios de comunicação de massas.

Mas a Igreja Católica não acompanhou essas mudanças. O alto comando do Vaticano ficou mais preocupado em combater o uso da camisinha, numa época de alastramento das doenças sexualmente transmissíveis, muitas delas mortíferas.

Outro erro da Igreja foi não aprofundar o diálogo com a Ciência – ou mesmo com outras religiões. Se as células troncos podem vir a salvar milhões de vidas, como se colocar contra esse recurso científico? É uma posição que o mundo moderno tem dificuldades de entender e de apoiar.

O Vaticano é um Estado cercado de muros dentro da Roma. Tem leis próprias, banco, imprensa e quase tudo o que possuem os demais Estados. Mas o catolicismo, que pretende seguir a doutrina cristã, é muito maior e não cabe nas fronteiras de qualquer país.

As religiões exercem papel fundamental na vida da maioria das pessoas e também das sociedades. As Igrejas que compreendem esse papel e adotam uma postura efetiva de aproximação, conforto e apoio espiritual são as que vão sobreviver. Porque, na vida, não é o mais forte que sobrevive e sim o mais apto. 

José Pereira dos Santos
Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região
E-mail: pereira@metalurgico.org.br
Blog: www.pereirametalurgico.blogspot.com

Este artigo foi publicado no jornal Guarulhos Hoje, dia 20 de fevereiro.

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