Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região
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O golpe de 1964

Anteontem, o golpe de 1964 completou 49 anos. Comandado pelo núcleo duro das Forças Armadas, o golpe foi articulado por partidos de direita, parte da grande mídia, o alto clero, setores patronais e, hoje já se sabe, pelo governo dos Estados Unidos.

Naquela época, vigorava a Guerra Fria, ou seja, uma acirrada disputa internacional pelas duas potências emergentes da Segunda Guerra Mundial: Estados Unidos e União Soviética. Os norte-americanos não se conformavam em ver os soviéticos liderarem a corrida espacial e estavam irritados com o desvio à esquerda do novo governo cubano.

O Brasil, pelo território, minérios e posição estratégica no Hemisfério Sul, era fundamental nos planos norte-americanos nos campos político, econômico e militar. Por isso, houve tanto empenho, dinheiro e propaganda contra o presidente Jango, até sua derrubada em 1º de abril de 1964.

Regimes implantados pela força, naturalmente, se impõem pela força. A ditadura brasileira não foi diferente. Essa disposição foi logo demonstrada pelas cassações de mandados parlamentares, suspensão de direitos políticos e perseguição a sindicalistas. E a cada ano o regime ia se radicalizando. A certa altura, não bastava cassar, censurar, prender e exilar. Era preciso eliminar oposicionistas. E a lista é longa: Rubens Paiva, Vladimir Herzog, Manoel Fiel Filho e tantos outros.

O Sindicato do qual hoje sou presidente, e que dia 30 faz 50 anos, também foi vítima da ditadura. Os fundadores contam que nossa sede foi invadida por agentes da repressão à procura de metralhadoras. Nada acharam. Mas só se deram por satisfeitos quando o regime cassou a diretoria.

Porém, não foi só a diretoria que sofreu. A categoria também penou sob a repressão, pelo ataque a direitos e com os seguidos decretos-leis de arrocho salarial. A ditadura não conteve a inflação, levando setores amplos da sociedade a organizar o movimento contra a carestia e segmentos mais destacados do sindicalismo, mesmo correndo riscos, a organizar greves pela reposição das perdas salariais.

Faço parte de uma geração que combateu a ditadura e lutou pela reconquista do Estado de Direito. Conheço as vantagens de se viver em liberdade. É na democracia, e somente nela, que o indivíduo pode evoluir, e a sociedade, como um todo, tem condições de avançar.

Homenagens - Passados esses 49 anos, penso que é importante relembrar pessoas e figuras públicas que não se curvaram. Por isso, dia 27, nosso Sindicato fará várias homenagens. Entre os homenageados, estarão o ex-ministro do Trabalho, Almino Afonso; o líder sindical metalúrgico José Ibrahim; e o filho de Jango, João Vicente Goulart.

A democracia é um regime que se constrói mirando o futuro. Mas sem esquecer, jamais, os erros do passado. 

José Pereira dos Santos
Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região
E-mail: pereira@metalurgico.org.br
Blog: www.pereirametalurgico.blogspot.com

Este artigo foi publicado no jornal Guarulhos Hoje, dia 3 de abril.

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