Feliz 1º de Maio!

Hoje, milhões de brasileiros comemoram o Dia do Trabalhador – 1º de Maio. Nas praças, ruas, parques ou clubes de Sindicatos, os trabalhadores vão festejar seu dia e também reafirmar reivindicações como a ampliação de direitos, redução da jornada de trabalho para 40 horas, fim do Fator Previdenciário, fim das demissões imotivadas, dentre outras.

O 1º de Maio é uma data carregada de história. Seu início se deu em 1886, em Chicago, nos Estados Unidos, quando os trabalhadores foram às ruas cobrar jornada de 8 horas. Trabalhavam 12, 14 ou até 16 horas. Queriam 8 para o trabalho, 8 para o sono e 8 para a vida familiar e social.

A polícia e agentes provocadores se infiltraram no protesto, provocaram tumulto e criaram condições para a prisão dos manifestantes. Dois daqueles líderes acabaram condenados à forca. O episódio, chamado de “Mártires de Chicago”, tornou-se o embrião do 1º de Maio.

O mundo mudou? Mudou. Mas foi duro obter cada avanço. É conhecido no meio sindical e acadêmico um infeliz documento da Fiesp (federação dos empresários da indústria) combatendo a concessão de férias aos empregados. O texto alegava que, ao se afastar do ambiente de trabalho, o empregado iria se perder na malandragem, na bebedeira e nas más companhias.

Outro setor que se opôs ao avanço trabalhista defendido por Getúlio Vargas foi o Parlamento. Documentos da Câmara dos Deputados (dominada pelos liberais, em 1926), mostra declarações como “A criança pode trabalhar dez ou 12 horas por dia sem se fatigar”. Ou: “Limitar as horas de trabalho é cercear a liberdade de contratar serviços”. Ainda: “O salário da mulher nunca será um salário normal”.

A redução da jornada ainda é uma reivindicação dos trabalhadores. Lutamos pela redução da jornada para 40 horas semanais, sem redução salarial para que o trabalhador tenha mais tempo para a qualificação, o lazer e o convívio familiar.

Conjuntura - Nós, metalúrgicos de Guarulhos e região, que comemoramos 50 anos do nosso Sindicato terça, dia 30, fazemos parte dessa história de resistência, lutas e avanços. E, neste 1º de Maio, temos o que comemorar. O livro “Perfil dos Trabalhadores Metalúrgicos de Guarulhos e Região”, em parceria com o Dieese, e lançado ontem, mostra isso.

Chegamos ao 1º de Maio de 2013 (70 anos após a criação da CLT) com 98% dos trabalhadores registrados em Carteira; 84% recebem Participação nos Lucros e/ou Resultados; e 75% moram em casa própria. Nas grandes empresas, em 2012, a média salarial era de R$ 2.129,00 (hoje, devido ao último aumento de salário, está cerca de 8% maior).

A situação do metalúrgico em nossa base está bem acima da média nacional. Porém, ainda temos graves problemas, como rotatividade da mão de obra (trabalhador é demitido para a empresa contratar com salário menor), doenças do trabalho, acidentes nas fábricas e forte diferença salarial entre homem e mulher, entre brancos e negros.

Avançamos. Mas se as reformas de base defendidas pelo presidente Jango não tivessem sido interrompidas pelo golpe de 1964, estaríamos hoje num patamar econômico, político e social mais avançado e os  trabalhadores estariam comemorando muito mais conquistas. Portanto, este 1º de Maio também é momento de dizer que o Brasil pode avançar mais, que valorize a produção, restrinja a força do capital financeiro, garanta trabalho decente, melhore a educação e distribua a renda.

Feliz Dia do Trabalhador! 

José Pereira dos Santos
Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região
E-mail: pereira@metalurgico.org.br
Blog: www.pereirametalurgico.blogspot.com

Este artigo foi publicado no jornal Guarulhos Hoje, dia 1º de maio.