Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região
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Neymar e o esporte

A venda de Neymar ao Barcelona acende a pergunta: futebol é esporte ou negócio? Futebol é as duas coisas. Mas no mundo atual, mediado pelo dinheiro, será cada vez mais negócio.

O capitalismo tende ao monopólio. Embora a atividade econômica seja exercida por quase toda a sociedade, os donos do negócio, na prática, são um grupo pequeno, seleto e fechado. Isso vale para bancos, petrolíferas, montadoras e, agora, times de futebol.

O futebol vai ficando semelhante ao mundo dos negócios. Ou seja, um pequeno, e seleto, número de times num País, e também um restrito, e ainda mais seleto, número de clubes grandes, dominando o cenário internacional, que buscam, principalmente, ganho econômico. Esse esquema não deixa espaço para a criatividade.

Nosso futebol, durante décadas, expressou traços do povo brasileiro. Agora, para atender a um padrão, a parte cultural tende a desaparecer. Até a seleção perdeu sua marca nacional, pois os principais atletas vêm do Exterior e estão desligados de suas origens.

Potência - Vários países investem pesado no amadorismo, criando condições para despontar no Pan, nas Olimpíadas etc. O Brasil não se preocupa com isso, ignorando que a base de todo esporte profissional são os milhões de atletas anônimos, pois da quantidade se tira a qualidade.

Temos enorme potencial, podendo gerar um grande número de atletas do porte de Neymar, Éder Jofre, Maria Ester Bueno, João do Pulo (que viveu e defendeu Guarulhos) e tantos outros que já brilharam. Mas, para isso, precisamos de educação esportiva, levando o esporte para as escolas e comunidades, com o poder público dando suporte, inclusive na saúde.

Guarulhos era forte no esporte amador. Essa tradição foi rompida e o amadorismo se vira como pode. Nós, do Sindicato dos Metalúrgicos, conhecemos essa realidade.

O Sindicato mantém, por conta própria, escolinha de futebol do sub-6 ao sub-18. Também promovemos dois, dos principais certames amadores da cidade, no futebol de campo e futsal, reunindo mais de 100 times e mobilizando cerca de duas mil pessoas – entre atletas, comissão técnica etc.

E fazemos isso sem recursos públicos, numa atividade que extrapola o campo meramente esportivo, porque esporte também é saúde, lazer e congraçamento.

O esporte profissional já está nas mãos dos grandes interesses. Mas o esporte amador deve ser tratado como um direito do povo, refletindo toda a criatividade e variedade da própria cultura brasileira. É um desafio que temos de enfrentar. 

José Pereira dos Santos
Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região
E-mail: pereira@metalurgico.org.br
Blog: www.pereirametalurgico.blogspot.com

Este artigo foi publicado no jornal Guarulhos Hoje, dia 29 de maio.

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