Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região
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Apoio à reforma política

Muitas das reformas cobradas pelo povo brasileiro são importantes. Porém, a mais importante é a reforma política. A criação de um novo patamar político, dentro do Estado de Direito, é urgente e fundamental.

Na verdade, desde a Assembleia Nacional Constituinte, nos anos 80, a prática política brasileira pouco avançou. Tivemos avanços econômicos importantes, ampliamos também muitas garantias legais dos cidadãos. Mas os hábitos político-partidários pouco evoluíram.

Por isso, saúdo como muito positiva a proposta apresentada a governadores e prefeitos de Capitais pela presidente Dilma, em Brasília, segunda, dia 24. E a ideia  de um plebiscito torna a proposta ainda mais atrativa, porque abre a possibilidade de uma grande participação popular.

Após anos de ditadura, o Brasil reconquistou a democracia representativa. E foi um outro avanço. Mas a chegada de novos tempos, a rápida urbanização do País, a incorporação de milhões ao mercado de consumo e as novas tecnologias da informação estabeleceram um outro padrão de exigência em amplas parcelas da população. Entre essas exigências está uma prática política sem os tantos vícios da atualidade. E a garantia de meios que possibilitem a participação direta.

Uma reforma política é complexa e contraditória e ela não será feita sem contrariar interesses. Por isso, a primeira condição para fazê-la é ter coragem. Eu penso que um ato de coragem, necessário, é mudar a forma de financiamento. Para que haja mais igualdade e menor ingerência do poder econômico, é preciso que o financiamento dos partidos seja público. Não podemos mais ter mandatos patrocinados por empreiteiras, bancos e permissionárias de serviços públicos. Isso corrompe o mandato e vicia as iniciativas dos eleitos.

Outra mudança que faria muita diferença seria a fidelidade partidária. Ou seja, o eleito deixaria de ser o detentor do mandato, que pertenceria ao partido. Hoje, o político muda de sigla ao sabor dos interesses, muitas vezes em negociatas descaradas, em troca de cargos ou em transações do tempo de televisão nas campanhas eleitorais.

Os políticos não formam uma classe. Mas, com o tempo, vão formando uma casta, repleta de privilégios para seus grupos e de arranjos para a sua própria proteção. Os abusos são evidentes e, muitas vezes, ofendem a dignidade da população.

Integro uma geração que fazia política com idealismo. A imensa massa jovem que toma nossas ruas talvez não tenha a ideologia de décadas atrás. Mas está insatisfeita, com razão. Para que essa insatisfação não se torne fúria e o Estado de Direito avance, é preciso mudar a política. O que Dilma propôs é uma mudança a partir dos políticos. Se os atuais mandatários e parlamentares não entenderam que é hora de mudar, a reforma será feita do mesmo jeito: com eles, sem eles ou contra eles.

José Pereira dos Santos
Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região
E-mail: pereira@metalurgico.org.br
Blog: www.pereirametalurgico.blogspot.com

Este artigo foi publicado no jornal Guarulhos Hoje, dia 26 de junho.

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