Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região
Telefone (11) 2463.5300 / E-mail sindicato@metalurgico.org.br

 


Viagem histórica

Dia 6 de dezembro passou a ser uma data especial em minha vida. Nesse dia, a convite da família do presidente João Goulart, integrei a comitiva que acompanhou o traslado dos restos mortais de Jango, de Brasília a São Borja (Rio Grande do Sul) sua terra natal. Saímos da Capital Federal, em avião da FAB, com João Vicente, sua mãe Maria Tereza e outros amigos.

Foi uma viagem cercada de emoção. Sentimento que se multiplicou quando seguimos do aeroporto à igreja no Centro de São Borja, ao ver o povo acenar, aplaudir, agitar bandeiras, chorar e gritar o nome de Jango. A missa, a despedida por uma verdadeira multidão e o sepultamento definitivo de Jango, tudo isso me encheu de emoção.

Fiquei honrado com o convite da família para acompanhar e testemunhar esse momento de forte significado histórico. Estávamos, afinal, não só acompanhando um novo sepultamento de Jango, mas sendo protagonistas de um gesto de resgate da memória do grande brasileiro que foi João Goulart. Brasileiro, patriota, político raro, governante visionário, que pagou caro por defender os interesses maiores do País.

Faço uma saudação especial a João Vicente Goulart, o porta-voz da família, o condutor das providências para apuração da real causa da morte de seu pai, na Argentina, em 1976. Saúdo sua serenidade, sua fala sem qualquer rancor, mesmo ante tantas injustiças sofridas pela família. Admiro que, até mesmo num momento de tensão e tristeza, ele chame a atenção da Nação para a atualidade das propostas janguistas: reforma educacional, reforma tributária, reforma agrária, taxação do grande capital, controle da remessa de lucros.

João Goulart era um homem muito rico para os padrões brasileiros de então. Ainda assim, tinha apego ao povo e compromisso social. Quando ministro do Trabalho de Getúlio Vargas, duplicou o valor do salário mínimo, que era pago a um número muito grande de trabalhadores. Já na Presidência, em 1963, sancionou a lei do 13º salário, universalizando esse direito.

Durante muito tempo, setores da mídia e da direita caluniaram Jango. Diziam que era fraco, que estava sob domínio de comunistas, que seu governo era anárquico. Pois bem: há poucos meses se divulgou uma pesquisa do Ibope, guardada 49 anos, e lá se constatou que o governo do presidente trabalhista tinha 66% de aprovação, apesar do bombardeio dos opositores.

Eu não poderia deixar de registrar, publicamente, esse acontecimento em minha vida. E dizer que homens da estatura de João Goulart precisam ser mais conhecidos por todos os brasileiros. Estou honrado, feliz e convencido de que as teses de Jango continuam válidas e atuais.

O movimento sindical e todo o povo brasileiro precisa ir ruas para reivindicar as reformas de base propostas por Jango. Se elas tivessem sido feitas no período em que governava certamente não teríamos que enfrentar os desafios que temos hoje.

José Pereira dos Santos
Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região
E-mail: pereira@metalurgico.org.br
Blog: www.pereirametalurgico.blogspot.com

Este artigo foi publicado no jornal Guarulhos Hoje, dia 11 de dezembro.

Voltar Topo Enviar a um amigo Imprimir Home
Receba nosso boletim: Nome Email