Eleições proporcionais

O brasileiro valoriza a eleição de prefeito, governador e presidente da República. Mas não dá a mesma importância para as eleições legislativas.

Esse erro vem se repetindo em pleitos seguidos e creio que todos nós, a começar pelos próprios eleitos, temos responsabilidade perante essa situação. Creio que os legislativos, a mídia, a escola, as entidades de classe e os formadores de opinião vêm falhando na missão de mostrar a importância da atuação parlamentar.

Infelizmente, as recentes pesquisas de intenção de votos mostram que o eleitor não está motivado a participar do processo eleitoral, sendo ainda mais baixa a expectativa de voto em deputado estadual, deputado federal e senador.

Daqui até 5 de outubro, não há muito o que fazer. Mas sempre se pode fazer alguma coisa. Penso que o primeiro passo é estimular o voto, reforçando a ideia de que não se trata de dever, mas sim de conquista. O voto é efetivamente uma conquista cidadã e o livre exercício do direito de votar é um indicador do grau de democracia, maturidade e civilidade dos povos.

Não tem brasileiro que não queira reforma tributária, política, educacional e outras. Mas nem todos têm consciência de que essas mudanças dependem do Congresso Nacional. Fica, então, uma contradição: a pessoa quer reformas, mas não vota em deputados e senadores encarregados, exatamente, de propor tais reformas.

Penso que o segundo passo é conscientizar sobre a qualidade do voto. Não se deve votar em desconhecidos. A escolha do futuro legislador precisa ser criteriosa. Nas eleições, candidatos surgem como enxames, enchem as ruas de cabos eleitorais, inundam a cidade de panfletos, catam o voto e vão embora. Que compromisso essa gente tem com a cidade? Nenhum.

Portanto, fica como terceira sugestão o estímulo ao voto em candidatos conhecidos, que sejam da cidade, da região ou tenham vínculos efetivos com a coletividade. Mas não basta apenas conhecer a pessoa. Devemos buscar conhecer também conduta e propostas, para que não venha depois o arrependimento do voto errado.

Votar certo, escolhendo candidatos comprometidos com a população, é também uma forma de fortalecer a democracia e ir fazendo, em doses homeopáticas, a reforma política necessária.

José Pereira dos Santos
Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região
E-mail: pereira@metalurgico.org.br
Blog: www.pereirametalurgico.blogspot.com

Este artigo foi publicado no jornal Guarulhos Hoje, dia 30 de julho de 2014.