Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região
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O rumo do voto

Sou, como já disse outras vezes neste espaço, da geração que lutou contra a ditadura e pela volta do Estado de Direito. Nossas bandeiras eram amplas, mas um foco concreto era o resgate do direito de votar. Como se sabe, o regime cassou o voto pra presidente, governador de Estado e até pra prefeito de capital e estância climática.
 
A reconquista do direito de votar coroou a luta pelo resgate da democracia. Foi uma vitória coletiva, pois amplos setores da sociedade tiveram participação destacada. E o movimento sindical foi linha de frente dessa luta.
 
A democracia é um sistema que disputa o voto do cidadão. Na busca desse apoio, candidatos e partidos tentam ganhar a simpatia dos trabalhadores, aproximando-se também das suas entidades de classe. Prevaleceu, durante certo tempo, a ideia de que as entidades orientavam o voto, mas isso não é real.

Antigamente, a classe trabalhadora era homogênea. Isso mudou. Os trabalhadores de hoje se distribuem pelos mais amplos setores – produtivo; comercial; de serviços; estatal; agronegócio; e segmento bancário e especulativo. Qual é o perfil desses trabalhadores? É múltiplo e variado. Variam a formação, o grau de instrução, a coloração ideológica e mesmo a opção religiosa.
 
Em sendo assim – múltiplo, variado e complexo – qual o rumo desse voto? Não é um rumo único, porque, na prática, o único dono do voto é o próprio eleitor. Ou seja, o voto deve ter soberania, que o eleitor exercerá ali na cabine, livre e sem constrangimentos.

Nós, do movimento sindical, por princípio defendemos posições progressistas e projetos políticos que propiciem a redução das desigualdades e inclusão social. A defesa pública desse posicionamento, porém, não implica qualquer tutela sobre o voto. A opção do eleitor, qualquer que seja, deve ser respeitada.
 
Não existe regime perfeito. Nem a democracia. Mas esse sistema possibilita aperfeiçoamentos constantes. O voto, além de representar uma tomada de posição, não deixa de ser também uma forma de controle de qualidade das práticas políticas. Por isso, o direito de votar deve ser valorizado.
 
Cada eleição é uma lição. Ou várias lições. A atual mostra uma Justiça Eleitoral cada vez mais atenta – e isso é bom. Por outro lado, o processo eleitoral revela que o poder econômico distorce as condições de disputa e influi em resultados. Isso é ruim e precisa ser combatido com uma reforma política urgente.

Neste dia 26, ao votar, vou fazê-lo pelos que lutaram por esse direito; em memória dos que foram perseguidos pela ditadura; e em nome da esperança que todos têm de viver num País mais justo e repleto de oportunidades.

José Pereira dos Santos
Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região
E-mail: pereira@metalurgico.org.br
Blog: www.pereirametalurgico.blogspot.com
Facebook: www.facebook.com/PereiraMetalurgico

Este artigo foi publicado no jornal Guarulhos Hoje, dia 22 de outubro de 2014.

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