As razões da falta d’água
A falta de água afeta pessoas, famílias e também empresas. Em alguns segmentos, o desabastecimento interrompe a produção das fábricas e ameaça o emprego. A falta d’água é, portanto, um problema social mais complexo do que parece.
Por que falta água? Várias razões. Primeiro, porque a natureza tem ciclos, de chuvas mais intensas ou de estiagens. Porque, também, desmatam-se cabeceiras de córregos; ocupam-se áreas de mananciais; empesteiam-se os lençóis freáticos com todo tipo de poluente.
Não é só isso. Uma das razões da falta d’água é o precário planejamento público. Governos preferem fazer obras suntuosas, que aparecem mais e trazem votos, deixando em segundo plano as chamadas “obras enterradas”, vitais, porém não vistosas ao eleitorado.
Há outros fatos. Um deles é econômico. Como se sabe, água virou commodity, ou seja, produto, bem e serviço especulado na bolsa de valores. A água do planeta, hoje, está sob controle de cinco grandes transnacionais, uma delas é a Dow Chemical, a mesma que fabricava napalm e agente laranja que eram despejados pela aviação norte-americana na guerra do Vietnã.
A imprensa informa que o governador Alckmin se reuniu com a presidente Dilma, a fim de tratar do grave problema. Já se fala na necessidade de investimentos da ordem de R$ 3 bilhões, para sanar a seca e criar sistemas que evitem desabastecimentos futuros (algo como 2,5 vezes o que se gastou para construir o Itaquerão).
Nós, no Sindicato dos Metalúrgicos, há muitos anos enfrentamos a questão. E temos exemplos construtivos a mostrar. Em nosso Clube de Campo, mantemos quatro alqueires de Mata Atlântica intacta; durante mais de 20 anos tratamos toda a água e limpamos o córrego que corta o Clube (incrível: mas quem jogava esgoto sujo no local era justamente a Prefeitura).
Em 2010, demos um passo que nos orgulha. Ao apoiar o então candidato Almeida à Prefeitura de Guarulhos, fizemos duas exigências: 1) Que a municipalidade parasse de despejar esgotos em nosso Clube; 2) Que a cidade investisse em saneamento. Pois bem: o Clube hoje não sofre mais despejos e a cidade saiu do zero para 40% do esgoto tratado.
Anos atrás, fizemos em Guarulhos o primeiro Encontro Sindical Ambiental, e chamamos empresas também – mas só algumas apareceram. Nas palestras em Sipats, sempre defendemos incluir a educação ambiental nas ações das Cipas. No Instituto Meu Futuro, que fundamos, a educação ambiental é cotidiana.
Não resolvemos os problemas do mundo. Mas, certamente, ajudamos a proteger a natureza e reduzimos ataques ao meio ambiente. Se iniciativas assim, nossas e de outras entidades, fossem propagadas, teríamos outros problemas a enfrentar: menos a falta d’água.
José Pereira dos Santos
Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região
E-mail: pereira@metalurgico.org.br
Blog: www.pereirametalurgico.blogspot.com
Facebook: www.facebook.com/PereiraMetalurgico
Este artigo foi publicado no jornal Guarulhos Hoje, dia 13 de novembro de 2014.