Neste mês, o Dieese completa 60 anos. Foi criado em 1955 por um grupo de sindicalistas preocupados em dotar o movimento sindical de um órgão capaz de calcular o custo de vida real, municiar as entidades com pesquisas e dados (exemplo, salário mínimo justo para todos os brasileiros), mas, principalmente, oferecer suporte nas negociações com a classe patronal.

O Dieese foi uma criação que deu certo. Após essas seis décadas, soma um efetivo saldo de serviços ao sindicalismo brasileiro e ao nosso País. Devemos ao Dieese não só o fortalecimento da vertente de pensamento econômico que defende o desenvolvimento. O Dieese tem sido, principalmente, um forte aliado da luta pela distribuição de renda e por trabalho decente.

Pessoalmente, tenho uma longa relação com o Dieese, que já presidi. Outros dois diretores do nosso Sindicato, os companheiros José Dilton Braga (Vanuza) e Josinaldo José de Barros (Cabeça), também já presidiram o órgão. Ao longo desses anos, a parceria avançou e hoje contamos em nossa sede com uma subseção do Dieese, a cargo do economista Rodolfo Viana.

É motivo de alegria constatar que o Dieese chega forte aos 60 anos. E chega com credibilidade, graças à qualidade de seus quadros técnicos e aos efetivos compromissos com os trabalhadores. Ninguém, em sã consciência, questiona os dados e pesquisas do Dieese. Lembro que ministros da ditadura tentaram fazer isso, mas acabaram desmoralizados pela evidência dos números e dos fatos.

Outro fator que explica a solidez e credibilidade do Dieese é o seu regimento interno, que destina a direção técnica a especialistas e a presidência, ou seja, a direção política, a dirigentes sindicais. Nessas seis décadas, os economistas e técnicos do Dieese e os sindicalistas têm sabido manter o foco da pauta, sem jamais se desviar dos objetivos do órgão, que é a defesa do emprego decente, do salário e das condições de trabalho.

Uma instituição se credencia muito pelo que faz e também pelo que não faz. A folha de serviços do Dieese é conhecida e respeitada. Mas a entidade deve ser valorizada também pelo que não faz. E, justiça seja feita, nesses 60 anos o Dieese não fez o jogo de governos ou de partidos. Ao contrário: tem se relacionado com todos, dialogado com todos, sem abrir mão de seus princípios e ideais.

Ao saudar o Dieese, pelos 60 anos, não poderia deixar de rememorar a lucidez de seus fundadores. Aquele grupo original de sindicalistas foi visionário na criação do Dieese e lúcido ao definir seu formato e seus objetivos. A planta cresceu porque era boa a semente plantada. Longa vida ao Dieese. E muito obrigado, em nome dos metalúrgicos de Guarulhos e Região.

José Pereira dos Santos

Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região

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Este artigo foi publicado no jornal Guarulhos Hoje, dia 2 de dezembro de 2015.