Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região
Telefone (11) 2463.5300 / E-mail sindicato@metalurgico.org.br

 

Quem frequenta a sede do Sindicato, à rua Harry Simonsen, com certeza já viu um senhor baixinho, cara de carrancudo e que pratica um verdadeiro ritual para fumar um cigarro. Só a aparência é carrancuda. Na verdade, não é nada disso. É um senhor de boa conversa, muito inteligente, com muitas histórias pra contar, mas que não consegue acabar com o vício do cigarro. “Estou diminuindo!”, diz ele.

Esse senhor chama-se Orlando Cruz Leite. Ele é advogado, cearense de Barbalha, tem 79 anos, e trabalha no Sindicato há 34 anos. Pode passar sem que ninguém o note, mas é ele quem dá suporte e prepara muitas das petições feitas pelos demais advogados no Departamento Jurídico do Sindicato.
Vendo a foto que ilustra essa matéria, muitos metalúrgicos vão reconhecer o dr. Orlando, e agora saberão de sua história. 

Dr. Orlando ao lado das filhas

História - Viúvo há pouco tempo, Orlando nasceu em 26 de dezembro de 1937 e se formou em Direito em 30 de dezembro de 1962, pela Faculdade de Direito da Universidade do Ceará. Foi casado por quase 50 anos com Albani, também de Barbalha, e tem três filhas (Cristiana, Maria Cláudia e Ana Paula) e cinco netos.

Deixou a terra natal, como muitos nordestinos fazem, com a expectativa de melhorar a qualidade de vida. Na verdade, Orlando queria ter se formado em História, pensou em outras profissões, mas não se interessou muito. Mas, no Direito, achou o seu caminho.

O pai tinha uma propriedade rural em Barbalha, com destaque para a produção de cana de açúcar. Orlando conta: “As coisas não andavam bem na propriedade do meu pai, e resolvi, como muitos, tentar a sorte em São Paulo. Com muita dificuldade, consegui concluir a faculdade de Direito em dezembro de 1962. Não tinha muito campo de trabalho naquela época em Fortaleza, e resolvi mudar de moradia e de vida”.

Estudante - Orlando continua: “Em outubro de 1963, tomei a decisão mais importante de minha vida. Vim sozinho para São Paulo, num ônibus pau-de-arara, dizendo que era estudante. Tive receio em dizer que era bacharel em Direito, porque os companheiros de viagem eram todos humildes – e não achei correto dizer que era advogado e buscava o mesmo que eles, por ter tido mais oportunidades que a maioria presente no ônibus”.

Após os três dias, viajando somente de dia, finalmente o estudante/doutor Orlando desembarcou, aos 25 anos, na estação do Brás. Foi recebido pela esposa do advogado criminalista Raimundo Pasqual Barbosa, também cearense, membro nato da OAB.

João Carlos Marinho, mestre e amigo

“Morei por alguns meses na casa de um colega de Barbalha, em Perdizes, enquanto procurava emprego. Trabalhei em várias empresas, em diversas funções fora da minha área”, conta.

Somente em agosto de 1964, dr. Orlando conseguiu revalidar seu diploma universitário e começou a trabalhar em escritórios de advocacia. Em 1965, por indicação do próprio Raimundo Pasqual, Orlando ingressou no escritório do advogado João Carlos Marinho, em Guarulhos, lá permanecendo por 16 anos. “Ele foi meu grande amigo e meu mestre em Direito”, conta.

Casamento - Já estabelecido e empregado em São Paulo, dr. Orlando foi atrás de seu grande amor. Ele conta: “A minha esposa, foi a minha primeira namorada. Trocávamos cartas até que a pedi em casamento; mandei as alianças pelo correio; ela aceitou, fui para Barbalha, onde nos casamos. Ela foi e é o grande amor da minha vida”.

Dr. Orlando com a esposa Albani

Com a esposa ao lado, não mais como professora, que era sua profissão, mas sim como sua companheira, passou a cuidar da casa. Com ela programou um projeto de vida e foram a diante. Tempos depois conheceu Arnaldo Paixão, ex-presidente do Sindicato – à época (1982) coordenador do Departamento Jurídico. “Ele me convidou para trabalhar no Sindicato, aceitei e aqui estou até hoje”, destaca.

Prisões - Dr. Orlando tem muitas histórias para contar nestes anos de Sindicato. Ele destaca uma: “Em 86, trabalhava com os metalúrgicos. Acontecia uma greve intensa e não parávamos. Liguei para o Sindicato, pedi que me arrumassem uma condução porque os motoristas de ônibus estavam em greve. Não havia carro disponível, porque todos estavam na delegacia, com nossos diretores presos. Peguei um táxi e fui para a delegacia da Monteiro Lobato (1º DP), onde aproximadamente 20 companheiros tinham sido presos. Acabei ficando direto com todos eles, dando assistência jurídica e ajudando também sindicalistas que estavam detidos na Vila Maria. Consegui liberar todos, mas foi complicado”.

Hoje - Com todos esse anos de trabalho no sindicalismo, dr. Orlando acumulou grande experiência. Ele explica: “O Sindicato é como o Hospital das Clínicas, dá de tudo com a grande diversificação de processos. O gratificante é ver a pessoa feliz, com uma questão jurídica resolvida a seu favor”.
O advogado encerra: “Trabalhar em favor do próximo é uma terapia, e na minha idade uma maneira de ter ainda mais vontade de viver”.

Ritual - Como dito no início da matéria, dr. Orlando não consegue acabar com o vício do cigarro. E fumar é, para ele, um verdadeiro ritual: pega o cigarro; tira o filtro; corta o cigarro em três partes; pega um palito de fósforo e espeta em uma das partes que ele fuma durante o dia. Neste intervalo, há sempre uma boa conversa. Três vezes ao dia todos podem vê-lo bem em frente ao Sindicato cumprindo este ritual.

Voltar Topo Enviar a um amigo Imprimir Home
Receba nosso boletim: Nome Email