Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região
Telefone (11) 2463.5300 / E-mail sindicato@metalurgico.org.br

 


Os homens e as obras


As empresas são o polo dinâmico das economias. Mesmo os antigos países comunistas não abriam mão de constituir grandes estatais, para atuar em setores estratégicos, como energia, mineração, construção, transportes, telecomunicações, entre outros.

O Brasil também conseguiu, a muito custo, formar grandes empresas de transportes, petróleo, energia, construção, mineração, siderurgia, entre outras. Muitas começaram como estatais e hoje são empresas privadas. Independentemente dessa condição, todas elas são fundamentais para a economia e o progresso.

Mas esse cenário começou a mudar. O chamado escândalo do petrolão e, logo depois, a onda de denúncias contra empreiteiras (e políticos) geraram um forte impacto nacional, com paralisação de obras, esfriamento da atividade econômica e crescimento brutal do desemprego.

Uma grande empresa não é uma célula isolada no mercado. Ao contrário. Ela é um elo dinâmico e dinamizador de cadeias produtivas inteiras, com impactos diretos e indiretos também no Estado – afinal, essa paralisia reduz a arrecadação de impostos e de encargos. E a própria Previdência Social sofre com isso.

Sempre fui a favor de que se apurem as denúncias, dando-se ao acusado amplo direito de defesa. Sou a favor da punição dos comprovadamente responsáveis. Mas não posso achar normal que erros (ou ilegalidades) cometidos em anos recentes por alguns de seus dirigentes comprometam a existência inteira de uma empresa, danificando setores da economia e devastando os empregos.

O Brasil nunca resolve seus problemas e quando decide resolver quer fazer tudo ao mesmo tempo. Contam que o poder das empreiteiras começou com a construção de Brasília; esse poder cresceu na época das grandes obras da ditadura; e permanece até hoje. São, no mínimo, 50 anos de ingerência privada nos interesses públicos. Não dá, portanto, pra resolver de uma vez só.

A Petrobras, as empreiteiras e demais envolvidas em ilícitos precisam tocar a vida adiante. Que seus diretores-responsáveis paguem pelas ilegalidades. Mas é injusto e insano fazer com que o pedreiro, o engenheiro, o petroleiro, o operário da construção naval, o metalúrgico, entre tantos, percam o emprego e suas famílias passem a enfrentar dificuldades.

A mídia tem um importante papel quando noticia desvios. O Ministério Público e o Judiciário ajudam a Nação quando denunciam as trapaças. A Justiça cumpre seu papel quando pune culpados. Mas isso não pode servir de estímulo ao moralismo de ocasião.

Acima de tudo sempre estará o interesse maior do povo brasileiro. Se a gente não sair do pântano do denuncismo, o Brasil afundará cada vez mais, agravando todos os males nacionais.

José Pereira dos Santos
Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região
e secretário nacional de Formação Sindical da Força Sindical

E-mail: pereira@metalurgico.org.br
Facebook: www.facebook.com/PereiraMetalurgico
Blog: www.pereirametalurgico.blogspot.com.br

Este artigo foi publicado no jornal Guarulhos Hoje do dia 14 de dezembro de 2016.

Voltar Topo Enviar a um amigo Imprimir Home
Receba nosso boletim: Nome Email