• 18/01/2019 - sexta-feira
Luiz De Salvo Neto é paulista de Jundiaí e um grande contador de histórias que viveu ao longo de 63 anos.
Na primeira pergunta sobre se era torcedor do Paulista (tradicional
time da sua cidade natal) já soltou um “causo”: “Eu fui gandula do Paulista,
sabia? Em 1961 mais ou menos, quando eu tinha sete anos”. E já emendou outro:
“Quando eu tinha um ano de idade, meu pai me levou a um jogo entre Paulista e
Santos. Lembro que no túnel um jogador do Santos me pegou no colo e me levou
para dentro do campo. O túnel estava até alagado. Eu tinha um ano, mas
lembro-me como se fosse hoje”, disse, apontando para o braço para mostrar os
pelos arrepiados da lembrança.
E foi daí que o grande Titico, como é conhecido
carinhosamente por todos, se apaixonou pelo Santos Futebol Clube, time do qual
fala com carinho e expõe quadros com formações de times em sua sala no 3º andar
do Sindicato dos Metalúrgicos, no Centro de Guarulhos. Uma moldura de Pelé,
considerado o maior jogador de todos os tempos, fica pregada na parede, acima
da sua cabeça.
Titico tem dez anos de serviços prestados ao nosso Sindicato
e 40 de jornalismo. Mesmo aposentado desde 2011, seguiu firme e forte com seu
exemplar profissionalismo. Dia 24 de janeiro é comemorado o Dia do Aposentado e,
por toda sua história, resolvemos homenageá-lo como o Personagem do Mês.
Dedicação ao Sindicato - Titico entrou na Agência Sindical
em 2009 pra ser o setorista no Sindicato dos Metalúrgicos. Ele, que a vida toda
trabalhou em diários impressos, rádios e TVs, encarou um novo desafio quando
assumiu a função. “A grande diferença para mim foi o estilo de texto. Mas
consegui levar bem e graças a Deus, há dez anos me dedico intensamente para
deixar o trabalhador da nossa base sempre bem informado”.
Para Titico, os anos dedicados ao Sindicato dos Metalúrgicos
foram essenciais também para sua vida. “Quando imaginei que já tinha aprendido
de tudo, o Sindicato me ensinou a respeitar ainda mais as pessoas”, diz. Ele
explica: “Diariamente escuto problemas que o trabalhador sofre em seu local de
serviço. Esse trabalhador já tem muitas dificuldades em sua vida, às vezes
sofre acidente, é demitido sem justa causa, tem muitas dificuldades. Então essa
foi uma lição. Olhar diferente pra esse trabalhador. Respeitar mais!”.
Coberturas -
Titico esteve nos bons e maus momentos do Sindicato. Cobriu desde festa que
reunia milhares de trabalhadores, como o 1º de Maio, até manifestações contra
governos que queriam retirar direitos trabalhistas. É um veterano dos protestos,
como os realizados contra as reformas neoliberais do governo Temer e os de
porta de fábrica, contra patrões mal-intencionados. “São experiências que ficam
marcadas pra toda vida”.
Jornalismo - Foi
“sem querer” que Titico entrou no jornalismo. Aos 16 anos, ele entregava
correspondência para o escritório do seu tio em Santo André. Uma das cartas foi
entregue no jornal “O Repórter”. Ali, a curiosidade de jornalista já bateu. Foi
quando perguntou para o editor o que estava escrito na carta. “Ele me
respondeu. E emendou: ‘Volta na segunda-feira pra trabalhar comigo’. Então
voltei, levei um amigo, fiz uma redação, passei e fiquei”.
De lá para cá, foram muitos anos dedicados ao jornalismo,
como repórter e editor de diários, rádios e programas de TV, produtor,
assessoria de imprensa em órgãos públicos e campanhas políticas. Ele deixa um
recado aos novos jornalistas: “Façam como antigamente. Respeitem o leitor.
Ouçam as duas versões, escrevam. Saiam das redações, façam apurações mais
firmes, mais sérias”.
Momento difícil -
Um dos piores momentos de sua vida foi em 2015, quando descobriu dois
aneurismas cerebrais. “Foi um terror”, lembra. “Descobri em 15 de maio de 2015
por causa de dores de cabeça violentas. Fui a um médico e ele me disse que era
só sinusite. A dor aumentou. Fui de novo, em outro médico, quando foi
atestado”, conta. Titico passou por cirurgia, perdeu 56 quilos e ficou cinco
meses afastado do trabalho. Voltou com tudo, mas com ressalvas: alimentação
sempre saudável e nada de bebida alcoólica. Está cumprindo à risca.
Família - Depois
de mais de 40 anos dedicados ao jornalismo, Titico quer agora se dedicar à sua
família. “Eu não vi meus filhos crescerem”, lamenta. Agora, com três filhos
criados e um lindo neto, quer mais tempo para conviver com a família e a esposa,
de quem fala com carinho. “Meus filhos ‘me pegaram’ no final do ano. Disseram
que eu preciso descansar. E vou seguir o conselho deles”.
Agência Sindical -
A Agência Sindical agradece ao Titico por todo o tempo de serviço prestado. Mas
João Franzin, nosso coordenador, fala: “De jeito nenhum vamos nos afastar dele.
O cantinho dele está garantindo aqui na Agência e em nossos corações”.
Titico lê Jornal Sindical, publicação que escreve há 10 anos
Linha do tempo da profissão:
1973 - O Repórter (repórter)
1974 a 1984 - Folha Metropolitana (editor)
Neste mesmo período, foi assessor da Secretaria de Esportes
de Guarulhos
1984 a 1991 - Diário Popular (chefe de reportagem e sub-editor
de esportes)
1991 a 1999 - Folha Metropolitana (editor-chefe)
1999 a 2004 - Diário de São Paulo (editor de internet e madrugada)
2004 a 2005 - Diário do Grande ABC
2005 a 2006 - Ipiranga e Jabaquara News (repórter especial)
2009 até hoje - Agência Sindical