Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região
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• 14/2/2025 - sexta-feira



O sindicalista que se dedica à segurança e saúde no trabalho

Nosso diretor efetivo Nildo Queiroz  sentiu na pele o trauma que os acidentes de trabalho causam numa família. Ele ainda era muito jovem quando o pai Miguel, metalúrgico da Metal Aço, no Parque do Carmo, em São Paulo, caiu num tanque de decapagem de peças, cheio de ácido. Ele ficou com todo o lado direito do corpo queimado.

O que poderia ter sido um fato desmotivador na tão sonhada carreira metalúrgica espelhada no pai virou uma missão de vida: formar e informar trabalhadores, não somente metalúrgicos, na área de Segurança e Saúde do Trabalhador. “Atuo na Segurança e Saúde do Trabalhador pra evitar que aconteça com outros pais de família a tragédia que aconteceu comigo”, diz Nildo, nascido há 55 anos Elenildo Queiroz Santos, em Vitória da Conquista, interior da Bahia.
 
Quando criança foi engraxate na porta de uma padaria na Zona Leste da capital paulista. Dia de feira, ganhava também uns trocados oferecendo serviço de carreto com um carrinho de mão. Trabalhou numa farmácia, onde esterilizava seringas de vidro. Mas queria ser metalúrgico.

Migração - Chegou em São Paulo aos cinco anos, com a mãe Elenita, costureira de mão cheia, e outros seis irmãos. Todos felizes. Seo Miguel cumpriu o prometido e mandou buscar a família na Bahia quando arrumasse emprego por estas bandas. Todos foram morar no bairro Ermelino Matarazzo.

Início - Na metalurgia começou aos 25 anos. Entrou na Bardella (Cumbica, Guarulhos), onde brotou sua liderança. Fez os cursos Técnico de Mecânica, na Escola Técnica Federal, e Ajustagem Mecânica, no Senai. Na fábrica integrou a Cipa (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes), que na época não cuidava da questão do assédio.

Sindicato -  Conheceu o Sindicato através de um ativista sindical, que convidava os trabalhadores a participar das atividades da entidade. Se associou em 1992. No chão de fábrica, iniciou um protesto dentro da empresa incentivando os companheiros a reivindicar seus direitos. O ano era 1997. Naquela ocasião, foi convidado a integrar a diretoria do Sindicato. Entrou como suplente na gestão do presidente Francisco Cardoso Filho (Chicão).

Federação - Durante um período de férias na Bardella, Nildo foi convidado a assistir palestra sobre Segurança no Trabalho promovida pela Federação dos Metalúrgicos do Estado de São Paulo, em parceria com uma entidade sueca. Não pensou duas vezes. Ao lado dos companheiros Evandro e Zé Antonio foi à Federação. Mas não tinha nada de palestra. Era um curso de 10 meses sobre o tema. 

Técnico - Tomou gosto pelo assunto. Formou em Técnico de Segurança no Trabalho. Em 2017 atuou como delegado junto à Federação, também na área, e hoje coordena o Departamento de Segurança e Saúde do Trabalhador (DSST-Cipa) do Sindicato. Ele é responsável por organizar eleições de Cipaas nas fábricas e várias ações junto à categoria.

Força - Além da Federação, Nildo atuou na Força Sindical coordenando ações na área. Também integrou o Conselho Municipal de Saúde de Guarulhos, onde realizou a 1ª Conferência Intersetorial de Saúde do Trabalhador.

Seminário - Nildo é responsável pela coordenação do Seminário de Saúde e Segurança no Trabalho, que este ano chegará à sua 30ª edição. Ele observa: “O Seminário é uma ferramenta de formação e informação pra o trabalhador. Ele ajuda a conscientizar. Hoje, você conta nos dedos das mãos os Sindicatos que, de fato, atuam com Segurança e Saúde. É uma área carente de formação”.

Diesat - Assumiu a presidência do Departamento Intersindical de Estudos e Pesquisa de Saúde e dos Ambientes de Trabalho em um dos períodos mais críticos vividos pelo mundo: a epidemia da Covid-19. Apesar de todas as dificuldades, conseguiu realizar o 1º Seminário Internacional de Combate ao Amianto, produto que pode causar câncer e outras doenças graves, até então utilizado em telhas, caixas d’água, revestimento de veículos, tinhas , massas e pisos vinílicos.


Proibição - Nildo conta: “A partir do Seminário e de várias outras ações que colocamos em prática com a colaboração da sociedade, provocamos o Supremo Tribunal Federal (STF), que, em julgamento, proibiu o uso do amianto em todo o País”.

Segurança e Saúde - Nosso diretor critica a política de Segurança e Saúde do Trabalhador no âmbito do Governo. “Precisamos de apoio pra atuar. Não dá pra aceitar esse grande número de acidentes todos os anos. Estamos entre os 10 países do mundo com mais acidentes de trabalho. Não dá pra aceitar uma morte na fábrica. Outra coisa que agrava o problema do sobrevivente de um acidente é a Previdência Social. Na hora em que o trabalhador mais precisa, na maioria das vezes é desprezado ou mal assistido. O governo Bolsonaro sucateou a Fundacentro, órgão de pesquisa, e o Ministério do Trabalho. Há um grande desleixo com o tema por parte governamental”.

Previdência - Nosso diretor continua: “Quando o trabalhador perde um dedo, um braço, uma perna, não tem como negar o acidente e a Carta de Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) é elaborada. Mas quando tem problemas de saúde mental, seja por pressão, estresse ou assédio, onde ele vai conseguir apoio? Quando consegue provar o problema, chega na Previdência e não tem apoio. Muitas vezes é colocado no limbo”.

Sindicalismo - A missão como sindicalista -  diz Nildo - não está só na base de atuação. Ele diz: “É muito importante fazer essa defesa da nossa categoria, mas é preciso fazer com que a saúde do trabalhador se estenda pra todos. Eu não posso defender somente o metalúrgico. Enquanto sindicalista, tenho que lutar pra que a saúde do trabalhador chegue a outras categorias. E isso acontece por meio de articulações com as Centrais Sindicais, outros Sindicatos, com o governo. É necessário ter uma visão ampla, não somente olhar para a base metalúrgica”.

Dirigir o Departamento de Saúde do Trabalhador no Sindicato não é a única atribuição de Nildo. Ele é muito presente nas eleições de Cipa+a nas empresas e também nas negociações por pagamento de PLR (Participação nos Lucros e/ou Resultados) à categoria metalúrgica, entre outras tarefas sindicais.

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