Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região
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• 18/6/2025 - quarta-feira



Noemia é mulher de fibra no Sindicato

Funcionária há 16 anos, ela foi selecionada quando fazia trabalho voluntário. Hoje é secretária de diretoria

Noemia Cristina da Rocha foi forjada na luta e no sofrimento desde o seu nascimento em Guarulhos, em 3 de janeiro de 1979. Conheceu o Sindicato por meio do antigo Programa de Apoio Psicoprofissional. Trabalhou como voluntária. Experiência que lhe proporcionou vivência junto à nossa entidade.

Em 2010, ela conseguiu emprego de recepcionista no Sindicato. Mesmo assim, não deixou o trabalho voluntário que a levava a portas de fábricas às 4 da manhã pra entregar jornal, depois ia à feira panfletar e ainda ficar em passarelas da cidade segurando faixas de manifestações.

Como recepcionista, sua desenvoltura chamou atenção de dr. Marcílio Penachioni, Coordenador Jurídico do Sindicato. Ele a levou pra trabalhar no Jurídico, onde permaneceu por nove anos até que, em 17 de junho de 2019, recebeu a missão do então presidente José Pereira dos Santos de ser a secretária da diretoria, onde está até hoje.

“O Sindicato é meu alicerce e da minha família. Tudo o que fiz até hoje na vida faria tudo de novo. Fui até criticada pelo trabalho voluntário junto ao Sindicato, mas essa experiência foi tudo pra mim como pessoa e também a chave das portas que se abriram na minha vida”, diz.

Veja momentos de luta da vida dessa guerreira:

Nascimento - Filha de dona Isabel Margarida, Noemia nasceu em Guarulhos, numa comunidade no Bela Vila. Seu berço era uma caixa de cesta básica. A mãe sofria violência doméstica, até que decidiu fugir pra Jacareí (Vale do Paraíba) para a casa de parentes. 

“A fuga aconteceu depois que meu pai deu um forte tapa na minha cara pra eu parar de chorar. Minha mãe não suportou. Esperou que ele saísse pro trabalho na madrugada (era dono de bar) e fugiu com alguns trapos e na companhia da minha tia Conceição”, relembra. No cartório da cidade, Noemia foi registrada. Ela tinha dois irmãos mais velhos, que ficaram na casa dos avós com o pai.

Infância - Em Jacareí, brincava com as primas, que a agrediam constantemente enquanto a mãe trabalhava fritando pastéis e coxinhas num restaurante de um chinês. A mãe recebia reclamações de que a filha era solitária e não interagia com outras crianças. Sua única companhia era uma tartaruga gigante criada pelo dono do restaurante. “O chinês tinha várias tartarugas, pois ele vendia sopa do animal. Mas tinha uma gigante que era a minha amiga”, conta.

Padrasto - Quando ela tinha por volta de dois anos e meio, a mãe casou pela terceira vez. O casal decidiu vir pra Guarulhos. Até o dia em que Noemia chamou o padrasto de pai e sofreu a primeira violência física. “Ele dizia que eu não era filha dele e me proibiu de chamá-lo de pai”, detalha, embargando a voz.

Ele deve dois irmãos que tinha tudo do bom e do melhor, mas pra Noemia o colchão era de capim e o travesseiro, recheado com a erva marcela. 

Violência - Na adolescência foi assediada várias vezes pelo padrasto. Contava pra mãe, que não acreditava e lhe dava homéricas surras com uma vara de pesca. A mãe só acreditou quando flagrou a filha mais nova, na época com oito anos, sendo vítima do assédio do próprio pai.

Noemia considerava o padrasto depravado, violento e viciado em cheirar cola de sapateiro (vício flagrado por ela várias vezes). “Ele prometia me matar a todo instante. Sofria assédio e ninguém acreditava. Fugi dele em várias ocasiões”, relembra.

Morte -
Uma amiga da família descobriu que o padrasto, que trabalhava em uma empresa de Guarulhos, tinha um plano: pedir as contas, fazer “uma grande maldade” com Noemia e fugir. Dona Isabel foi informada do plano. 

Entregou tudo nas mãos de Nossa Senhora Aparecida, da qual era devota. O padrasto pediu as contas. Foi receber a rescisão. Rejeitou atravessar a rodovia Presidente Dutra pela passarela, foi atropelado e morreu na hora. Diz Noemia: “Apesar da trágica morte, foi a liberdade de nossa família”.

Casamento - Quando tinha 11 anos, conheceu o metalúrgico José Haroldo, que na época tinha 22 anos. Começou a namorar com ele quando completou 14 anos, época em que cuidava de crianças de outras famílias pra ajudar a mãe financeiramente. Enquanto Haroldo trabalhava, Noemia brincava com suas bonecas. Até que, em 2001, casaram-se e, do relacionamento, nasceu Sabrina, hoje com 20 anos.

Luto - Em 2019, ela sofreu a maior perda de vida: dona Isabel morreu aos 69 anos vítima de uma doença degenerativa.

Trabalho - Aos 18 anos, Noemia trabalhou na empresa Lua Nova (Panco), setor de fabricação de pães; na Metalúrgica Metal Gráfica (Itaquaquecetuba), na Bauducco e na GB (Campi), quando engravidou de Sabrina e precisou deixar o emprego pra cuidar da filha. Nesse momento, a H & P Metalúrgica abriu falência e Haroldo ficou desempregado. O casal passou a ter ajuda da família pra sobreviver.

Sindicato - O casal desempregado procurou o Sindicato pra fazer o Curso 5S. Noemia conheceu o antigo Programa de Apoio Psicoprofissional, onde atuou como voluntária. Foi entrevistada por Tereza da Luz pra uma vaga de recepcionista e recebeu a grande notícia do emprego da funcionária Sueli, do RH do Sindicato. “Foi um dos momentos de maior felicidade da minha vida”, enfatiza.

Jurídico - Sua dedicação foi reconhecida e, após um ano, ela passou a trabalhar no Departamento Jurídico da entidade. Função que ela desempenhou com afinco, até chegar à Secretaria da Diretoria.

Mensagem - "A mulher trabalha, estuda, tem filho, cuida da casa. E é preciso ter segurança em tudo o que faz. É preciso ter equilíbrio e se apegar a Deus. Mulheres são guerreiras. Nunca devem desistir de seus sonhos ou objetivos", conclui.


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