• 15/8/2025 - sexta-feira
“Não existe motivo comercial que justifique
o tarifaço de Trump”, diz economista do Dieese
Rodolfo Viana, economista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos, que reponde pela subseção do Dieese em nosso Sindicato, foi o entrevistado do jornalista João Franzin na nossa live semanal, sexta, 15, transmitida no canal do YouTube e na página do Facebook.
De forma didática, Viana falou do tarifaço de 50% imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra produtos brasileiros, e as medidas anunciadas pelo Governo Lula pra mitigar os impactos na economia do Brasil.
Diz o economista: “O Brasil entrou de gaiato na história do tarifaço porque, na verdade, o argumento de Trump sempre foi o mote de fazer uma América grande novamente, que os EUA compram mais do resto do mundo do que vende pra o resto do mundo, logo seria como se o resto do mundo estivesse sugando parte da renda dos americanos e os empregos também. O que não é verdade”.
Viana explica: “O Brasil não tem nenhum tipo de problema com os EUA. Além de sermos parceiros históricos, desde 2009 mais compramos do que vendemos para os EUA. No economês a gente chama isso de superávit. Ou seja, a balança comercial é favorável aos Estados Unidos nos últimos 16 anos”.
Bolsonaro - O economista pediu apoio do empresariado ao Plano Brasil Soberano, lançado, quarta, 13, pelo governo federal pra ajudar a economia brasileira diante do tarifaço. E aponta a família do ex-presidente Bolsonaro como a principal responsável pela retaliação dos EUA contra nosso País.
Veja os principais pontos da entrevista:
COMÉRCIO - “O comércio do Brasil com os EUA representa 12% das nossas exportações. Os Estados Unidos são o segundo principal país pra quem nós vendemos mais produtos, o que não é uma participação avassaladora. A primeira posição é dos chineses, 28%”.
IMPORTAÇÕES - “O impacto das importações do Brasil para os EUA não é significativo, representa 1,3% do total. Enquanto nosso País é o segundo maior parceiro comercial dos EUA do ponto de vista das vendas, somos o 18º parceiro comercial com relação à participação nas importações que eles fazem”.
POLÍTICA - “Não tempos grande destaque nas compras pra eles. Então, nada justifica esse tarifaço, que é, simplesmente, por razões políticas”.
ESTUDO - “Em recente estudo, o Dieese desenhou o pior cenário possível desse tarifaço pra economia brasileira, levando em consideração que nada fosse feito pelo governo brasileiro. E qual seria o maior impacto disso? A questão dos empregos, que ficaria na casa de 726 mil potenciais postos de trabalho que poderiam ser sacrificados, distribuídos pela ordem no setor de comércio (241.482 postos de trabalho atingidos), indústria da transformação (142.372) e agropecuária (mais de 100 mil postos), justamente no momento que a nossa economia e os empregos estão indo muito bem”.
PLANO - “O governo federal não está parado. O Presidente Lula lançou o Plano Brasil Soberano pra tentar mitigar os efeitos do tarifaço, liberando R$ 30 bilhões pra os setores atingidos. Ele é dividido em três eixos: fortalecimento do setor produtivo, proteção aos trabalhadores (com a criação da Câmara Nacional de Acompanhamento de Empregos, e posteriormente, câmaras regionais) e a diplomacia e multilateralismo (que mostra o esforço do governo pra continuar negociando com os EUA, abrindo novos mercados e acionando a Organização Mundial do Comércio pra saber o que pode ser feito ainda junto aos mercados externos)”.
PANDEMIA - “A preocupação principal de Lula e equipe é com o emprego. O trabalho é o que centraliza a vida econômica do país. Atravessamos a pandemia da Covid-19. Do ponto de vista econômico, por pressão do movimento sindical e da sociedade, não tivemos tantos transtornos porque o governo agiu. Agora, do ponto de vista sanitário foi uma tragédia, porque o governo da época já era uma tragédia”.
NEGOCIAÇÃO - “O governo brasileiro está disposto a negociar e manter a diplomacia. Nem sequer aplicou medidas recíprocas, que pudessem atrapalhar qualquer tipo de negociação. O Governo Lula aposta tanto na democracia, que espera esgotar o máximo das possibilidades de negociação pra colocar em prática a Lei da Reciprocidade. O Brasil, os trabalhadores e a economia foram atacados por interesse de uma família que só pensa no poder”.
MAIS - Live está disponível no YouTube e Facebook do Sindicato. Assista!