Emprego, vida e morte!
A grande questão nacional hoje é o emprego. Para o sindicalismo, a classe trabalhadora e o setor produtivo, esse é o desafio número zero.
A questão extrapola a economia. Trata-se de drama humanitário. Aliás, a psicóloga Carolina Grando diz à revista Exame: “Quem trabalha está sempre sob a angústia de perder seu emprego - seu sustento, seu valor social. Quem não tem emprego tem ainda mais medo: de não aparecer outro bico, de não ter seu pagamento”.
Desemprego é bomba-relógio: um dia explode. Não faz muito tempo, a juíza do Tribunal de Justiça do Rio, Adriana Mello, lembrava que as mulheres são as mais prejudicadas. “No contexto de desemprego, existe mais violência doméstica”, dizia. Estudo da Delegacia da Mulher mostra: “Não só a pobreza absoluta. Mas a existência de profundas desigualdades sociais pode gerar um campo propício à violência”.
Problemas emocionais, as drogas, a bebida e mesmo o suicídio têm relação com a desocupação. A incidência não é uniforme e o desemprego é mais dramático em alguns grupos sociais. No Japão, por exemplo, há relação direta entre suicídio e desemprego. Aliás, setembro é chamado “mês amarelo” e a Organização Mundial da Saúde recomenda campanhas de esclarecimento e apoio. Para cada suicídio consumado, há 10 tentativas.
Há poucos anos, o Brasil vivia situação favorável ao emprego. E o governo adotava políticas de inclusão, como o Bolsa-Família. Fornecer um valor modesto às famílias, mas capaz de pôr comida na mesa, reduz a mortalidade infantil e a incidência da maldita prostituição infantil, que voltou - basta observar as beiras de rodovias e postos de gasolina mais retirados.
Mas como gerar emprego, afinal? Sabemos mais como não gerar. E o modelo neoliberal nos ensina. Vimos seus efeitos na Grécia, Espanha, Argentina, México e estamos vendo no Brasil. O neoliberalismo prega o Estado mínimo. Mas, como alerta o historiador José Luiz Del Roio, o Estado só é mínimo pra quem mais precisa dele. Para ricos, não faz muita diferença.
Venho de uma linhagem política de esquerda e, nos últimos anos, tenho me identificado com a doutrina trabalhista, que põe o trabalho em primeiro plano, sem querer destruir o capital. É possível construir uma sociedade justa apoiada no tripé trabalho-capital-Estado. O período em que mais crescemos foi quando Getúlio Vargas aplicou essa doutrina, como também fez Perón na Argentina.
Não há, portanto, como discutir solução para o emprego sem questionar modelos políticos. O modelo implementado por Temer e radicalizado por Bolsonaro está arruinando o Brasil. Precisamos, sim de emprego. Mas é urgente quebrar a espinha do regime neoliberal.
José Pereira dos Santos - Presidente do Sindicato
dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região
e secretário nacional de Formação da Força Sindical
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