Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região
Telefone (11) 2463.5300 / E-mail sindicato@metalurgico.org.br

 


PERSONAGEM DO MÊS

Vulcão de ideias e ações

Em 1855, o poeta norte-americano Walt Whitman escreveu um verso que diz: “Sou amplo/contenho multidões”.

Se ele tivesse conhecido o jornalista Sérgio Gomes, o “Sergião da Oboré”, Whitman veria que existe um outro homem para o qual seu verso se aplica inteiramente.

Aos 73 para 74 anos, jornalista, membro do Partidão, ex-preso político na ditadura, Sergião tornou-se um ícone. Uma referência para quem milita na comunicação sindical, no front democrático e nas ações progressistas.

Sergião e assessor João Franzin
Dono de uma vida intensa e repleta de ações, Sérgio Gomes, entre tantas, tem três realizações que o distinguem: 1) É o criador da imprensa sindical moderna, de cunho profissional e atenta à qualidade; 2) É o homem que ajudou a tirar da teoria, levando para a prática, o direito do trabalhador ao lazer - Nos anos 80, ele liderou a luta pela despoluição de Praia Grande, o grande espaço de lazer da classe trabalhadora; 3) Sérgião também foi quem sistematizou a luta pela saúde dos trabalhadores, por meio de Cipas atuantes, Departamentos Médicos de Sindicatos e, inclusive, ajudando na criação do Diesat.

Frases - Vulcão ininterrupto, homem capaz de ao mesmo tempo pensar e agir, Sérgião também é conhecido por suas tiradas criativas e geniais. Por exemplo: “Temos que fincar o bambu pelo lado grosso”. Outra: “A língua sempre bate no nervo que dói”. Terceira: “O cipeiro deve ser cipista - ou seja, cipeiro e sindicalista”.

Pai de Lígia, advogada, de Paulinho, artista performático, e casado com a jornalista e pesquisado Ana Luiza, Sérgião conta que nasceu no Bom Retiro, mudando-se ainda pequeno para o Brooklin. Hoje, mora na casa onde viveu na infância.

Durante dois períodos, Sergião e a Oboré (criada por ele, Laerte, João Guilherme Vargas Netto e outros) prestaram serviço de comunicação e planejamento para nosso Sindicato, épocas de Edmilson e Chicão na presidência.

A história da Oboré, composta por 12 diretores do Dieese e 12 pessoas ligadas à intelectualidade, é uma história que ainda precisa ser contada. João Franzin, nosso assessor de imprensa, diz: “Do que sei, muito ou pouco, devo aos anos de convívio com a Oboré”.

Mas a Oboré ainda existe, 45 anos depois de formada. Não mais ligada ao sindicalismo, mas se voltando especialmente para projetos e ações ligadas aos direitos humanos.


Sérgião, Laerte e o saudoso Audálio Dantas no aniversário de 85 anos de Audálio

Oboré vem de Boré, uma espécie de apito que os índios tocam na taba para reunir a tribo. Sérgião diz a respeito da imprensa sindical: “É comunicação em legítima defesa de nós mesmos, da tribo. No caso, a classe trabalhadora”.

Incansável, Sérgio Gomes, com Ana Luiza, toca há anos o projeto “Repórter do Futuro”, que visa formar profissionais com o pé na realidade da cidade, do País e do mundo. O prêmio Vladimir Herzog de Direitos Humanos tem as mãos e a cabeça de Sérgião, que ajudou a tornar o evento um grande feito de resistência democrática em nosso País.

 

Sérgião é referência na imprensa

Charges -
O sindicalismo pouco usava charges. A Oboré conseguiu juntar criadores do naipe de Laerte, Henfil, Fortuna, Paulo Caruso e tantos outros. O livro “Ilustração Sindical”, de Laerte, até hoje é fartamente usado pelo movimento, inclusive pelo Departamento de Comunicação em nosso Sindicato.

Têxteis, Metalúrgicos, Químicos, Borracheiros, Eletricitários, Rurais - o número de categorias para quem Sergião e seus companheiros prestaram serviços é imenso. Nessas entidades, formaram Departamentos de Comunicação e forjaram quadros para a imprensa dos trabalhadores.

Praia - Durante cerca de 15 anos, Sérgio Gomes, Marise Egger e outros companheiros trabalharam para limpar a cidade de Praia Grande. Sérgião conta: “Na temporada, o balneário atraía cerca de 1,5 milhão de trabalhadores. Mas, quando maré baixava, se via que a Praia estava literalmente na merda, suja, fedida e transmitindo doenças aos banhistas”.

Entre as atividades desenvolvidas, estão a ligação da rede de esgotos, a inauguração da estação de tratamento e a construção de um longo emissário submarino. Sérgio Gomes conta: “Foi no governo Itamar Franco, graças principalmente ao apoio do então ministro do Trabalho Walter Barelli, que conseguimos recursos pra concluir a obra”. Aliás, recursos do BNH, que era mantido com as verbas do FGTS. Sérgião arremata: “A praia dos trabalhadores foi saneada com dinheiro dos próprios trabalhadores”.



Sérgião foi preso na ditadura






Nomes como Orestes Quércia, Luiz Antônio Fleury, Itamar Franco, Luíza Erundina, Walter Barelli, Aloísio Nunes Ferreira, Joaquim dos Santos Andrade, Hugo Perez, Luiz Antônio de Medeiros, Márcio Melo, João Leiva Neto, Fernando Morais, Laerte, Franco Montoro e tantos outros são citados por Sérgião durante sua fala.

Vulcânico, e, para usar um outro termo caro a Whitman, pletórico, o jornalista cita nomes, datas, dados, valores, livros, autores e até o violeiro Renato Andrade, em quem se inspira para, de certa forma, contar como se transferiu da grande mídia comercial para a imprensa dos trabalhadores. Ele diz: “Adaptei as técnicas do violino para a viola caipira”.

Mundo real - Sérgião é um ardoroso defensor da qualidade da ação sindical e de seus serviços às categorias. Ele diz: “Olhe pra todos os lados. Tudo o que existe foi feito pelos trabalhadores. Por que, então, essas pessoas não merecem casa boa, comida de qualidade, roupa bonita, arte e cultura?”

Trabalho - O trabalho real tem começo, meio e fim, sempre. Mas, em comunicação, temos que fazer o simples, o que é real e perceber o que está latente e ainda não aflorou.

Generosidade - Os amigos, tantos, são unânimes: além do talento e da capacidade de pensar e realizar, outra qualidade de Sérgio Gomes é a generosidade. Seu desapego material é famoso. Sua disposição em ajudar é antológica. Sua fidelidade aos amigos é histórica.

Líder – Meses atrás, nosso Sindicato promoveu um Curso de Liderança com o professor Clay Lopes. Sérgio Gomes define quem é líder dentro de uma fábrica. Ele diz: É o sujeito pontual, competente e que tem coragem.
Longa vida ao Sérgião da Oboré, do PCB, do Repórter do Futuro, do Prêmio Audálio Dantas e de outras inumeráveis realizações. Não estamos diante de um homem. Sinceramente, o camarada é uma multidão!

Guarulhos, 1º de agosto de 2023.


Sérgio Gomes ajudou a tornar prêmio Vladimir Herzog resistência democrática no País
Voltar Topo Enviar a um amigo Imprimir Home
Receba nosso boletim: Nome Email