Muitos deixam sua terra, perdem as raízes, abandonam as origens e até renegam o passado. Não é o caso de Maria Auxiliadora dos Santos. Muito pelo contrário.

Essa paraibana de São José de Caiana, que vive em São Paulo desde os anos 70, não nega sua história. Sindicalista da indústria de brinquedos, dirigente da Força Sindical, Auxiliadora mantém o forte sotaque do interior de seu Estado. E se orgulha disso.

Na quarta, dia 2, ela foi a convidada da live semanal do Sindicato, no Canal da entidade YouTube. Ela conta: “Migrei no pau de arara, em cima de um caminhão. Primeiro até a Bahia e depois cheguei a São Paulo”.

Ela narra sua saga de coragem, audácia e dificuldades. “Passei fome, e não ter o que comer é ruim demais”, diz a dirigente, que defende as políticas sociais de Lula. “Ele também passou fome. E só quem viveu essa dureza sabe o quanto dói não ter o que comer. Lula está certo em governar pros mais pobres”.

Sempre presente na base, em contato com a categoria, cuja maioria é feminina, Maria Auxiliadora dos Santos afirma: “É no contato com os trabalhadores que me abasteço de energia. Gosto de todo mundo, mas entendo que a mulher tem um olhar especial sobre a realidade. No meu Sindicato, numa executiva de sete diretores, cinco são mulheres”.

Diálogo - Durante a live, com 40 minutos, a sindicalista trocou ideias com dirigentes do nosso Sindicato e falou diretamente aos homens que agridem mulheres: “Vamos ter mais amor no coração, gente. Vamos nos respeitar. Vamos viver com dignidade, respeitando cada ser humano como ele é”.

A Secretária da Mulher da Força Sindical lembrou que agosto é o mês “Lilás”. E adiantou que a Central está produzindo materiais informativos e de conscientização. Tudo bem conscientizar, mas, como lembrou durante diálogo com nosso presidente Josinaldo José de Barros (Cabeça), “é preciso punir quem bate, fere e agride”.

Auxiliadora chamou atenção dos Ministérios do Trabalhado e das Mulheres. E disse: “Não pedimos que vocês façam o que é tarefa nossa. Mas que nos ajudem na luta pela paz, por igualdade e contra a violência e o feminicídio”.

Igualdade - Dia 3 de julho, o presidente da República sancionou a Lei 14.611/2023, que garante a “obrigatoriedade” de igualdade salarial entre mulheres e homens na mesma função. A mesma lei trata da igualdade de oportunidades.

Auxiliadora lembra que, mesmo num setor majoritariamente feminino, os cargos de direção são sempre destinados aos homens, “que ganham mais e impedem a mulher de ter sua independência financeira, formar uma poupança, comprar bens pra sua casa”.

Na live da quarta, a dirigente apelou aos sindicalistas e empresários. “Todos nós temos responsabilidades em fazer essa lei deslanchar, porque ela é justa. É uma reivindicação de décadas das companheiras”, comenta. Maria Auxiliadora dos Santos lembrou também que as empresas precisam ajudar essa lei sair do papel. “O empresário inteligente sabe do que a mulher é capaz”, afirmou, no encerramento, mandando um abraço a toda a diretoria do Sindicato e à categoria metalúrgica.

Paraibana fiel às suas origens, Maria Auxiliadora dos Santos mantém também as preferências do seu paladar sertanejo. - “Será, então, que ela gosta de favada?” Caramba, o jornalista João Franzin, que apresenta a live, se esqueceu de perguntar.