Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região
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• 05/04/2024 - sexta-feira


Padre Frizzo - Sacerdote das causas sociais em Guarulhos

Antes de ser ordenado padre, em 1984, Antônio Carlos Frizzo esteve em várias manifestações grevistas de metalúrgicos e de outras categorias com o objetivo de lutar por melhores condições salariais para a classe trabalhadora. Acompanhou atos em defesa da redemocratização e tomou “borrachada” em confrontos com a polícia. Essas experiências fortaleceram sua vocação ao sacerdócio.

Padre Frizzo, como é conhecido, é o nosso Personagem do Mês. Ele nasceu na cidade de Morungaba, perto de Bragança Paulista, no Interior de São Paulo. Logo veio morar em Guarulhos com os seus pais. Filho de um mecânico com uma servente escolar, ele conheceu as dificuldades das famílias pobres.

O contexto social foi determinante pra o jovem Frizzo se apaixonar pela Igreja Católica. O Brasil ainda estava sob a ditadura militar e vários bispos colocavam suas bases a serviço dos movimentos de resistência, como dom Evaristo Arns, em São Paulo, e dom Pedro Casaldáliga, em São Félix do Araguaia, no Mato Grosso.

Frizzo se apaixonou por essa igreja próxima aos pobres e às lutas sociais. Conheceu a Teologia da Libertação, que tem no Brasil o teólogo Leonardo Boff um dos seus principais expoentes, a qual entende que a Igreja deve atuar em prol dos oprimidos. Quis ele também virar um teólogo da Libertação. 

O padre participou de vários atos grevistas, apesar de não ser metalúrgico, nem sindicalizado. Queria estar junto aos trabalhadores, assim como outros seminaristas e sacerdotes. 

Ele fala: “Descobrimos juntos o movimento sindical e fomos às greves gerais de 1979, 1980 e 1981. Tomamos consciência da ditadura, da anistia e de uma Igreja comprometida com os pobres. A Igreja era o guarda-chuva dos movimentos sociais e abrigava todo mundo.”


Referências

Em 1984, Frizzo era diácono da Paróquia Nossa Senhora do Bonsucesso. Tinha como exemplo os padres canadenses que atuaram em prol da propagação da educação pelo médodo Paulo Freire na região da Vila Fátima, em Guarulhos, além da oposição à ditadura. Aliás, foram fotos tiradas pelo padre Geraldo Mauzerol que comprovaram a existência do grupo de extermínio da polícia, sob o comando do delegado Sérgio Paranhos Fleury, um dos principais torturadores do regime. O sacerdote canadense sofreu uma tentativa de homicídio depois disso ao ser arremessado do telhado de sua paróquia, mas sobreviveu e deixou o País.  

Frizzo recorda de vivências com os trabalhadores: “O pessoal apanhava e a gente apanhava junto nas greves e portas das fábricas. A classe trabalhadora segue muito explorada pelos patrões”, comenta.

O sacerdote avalia que sua geração teve papel decisivo para conquistas populares, mas percebe uma queda da esquerda na sociedade. Ele cita a falta de engajamento nos movimentos de rua, que foram tão fortes nas décadas de 1980 e 1990, além do baque nos Sindicatos após as reformas do governo do ex-presidente Temer, como a Trabalhista e da Previdência. 

Ele afirma: “Minha geração fez uma colheita, lutamos contra a ditadura, instauramos governos democráticos, lutamos contra os anos Temer e Bolsonaro. Agora temos que semear pra outra geração fazer uma colheita.”


Exemplo

Após ser ordenado padre, Frizzo teve uma década de forte atuação junto às pastorais na Diocese de Guarulhos. Depois, virou secretário do Regional Sul 1 da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil). Na prática, ele foi um dos responsáveis pela Igreja Católica no Estado de SP. No final da década de 1990, foi estudar Tradições Judaicas e Teologias Cristãs no Instituto Pontifício Ratisbonne, em Jerusalém, Israel. 

Em seguida, fez mestrado no Instituto Católico de Paris, na França, e doutorado em Teologia Bíblica na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Ele ainda participou da equipe de tradução da Bíblia, edição Pastoral. Desde 2012, é professor do Instituto São Paulo de Estudos Superiores. Ele também é vigário na Paróquia Santa Rita de Cássia, no Jardim Cumbica.

Fé - Há mais de 10 anos, padre Antônio Carlos Frizzo coordena a Escola de Fé e Política, que tem como meta formar futuros candidatos a vereador e aos conselhos municipais. As aulas agregam aos estudantes conhecimento sobre consciência crítica, capitalismo, grande mídia, pessoa humana, ética e militância.

O sacerdote é um dos articuladores da Campanha da Fraternidade, que anualmente discute temas sociais na Quaresma - pela CNBB. O projeto tem sido alvo de constantes ataques por alas conservadoras dentro e fora da igreja, por trazer à tona questões que afligem os mais pobres. Neste ano, o tema foi Amizade Social.

Em suas homilias, o padre gosta de interagir com o povo, conversar e trazer o Evangelho ao cotidiano das pessoas. Vez ou outra faz alguma graça pra divertir os fiéis. Apesar de ser um intelectual, busca se comunicar de forma simples para ser compreendido pelos mais humildes.

Poliglota, padre Frizzo fala também Inglês, Francês, Italiano e Hebraico. É autor de vários livros, como "Pontos de Vista: para quem perdeu amigos nas eleições", "A Trilogia social: o estrangeiro, o órgão e a viúva no Deuteronômio e sua recepção no Mishná" e "Bíblia e corrupção", em parceria com teólogo João Luiz Correia Júnior.

Entusiasta do papa Francisco, padre Frizzo acredita que é preciso aumentar o protagonismo das mulheres na Igreja. Ele defende a ordenação de sacerdotisas e diaconisas. Hoje, apenas os homens podem ser ordenados.

MAIS - Padre Frizzo é vigário da Paróquia Santa Rita de Cássia. Localizada na avenida Atalaia do Norte, 648, no Jardim Cumbica, em Guarulhos. Telefone 2488.9684. Pra mais informações, acesse https://www.padrefrizzo.com.br/https://www.facebook.com/padrefrizzo




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