Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região
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Comício das reformas de base faz 44 anos:
Edmílson saiu de Guarulhos e esteve lá

Em 1964, o Brasil era presidido por Jango, presidente trabalhista e reformista. A mobilização popular estava em franca ofensiva. A direita, ancorada na Igreja e nos militares, andava nervosa. A elite, como sempre, queria impedir mudanças. E usava a imprensa e os púlpitos das igrejas para atacar o presidente João Goulart, denunciar o avanço sindical e espalhar o medo anticomunista entre a população predominantemente católica.

Jango procurava tocar adiante seu governo, melhorar a qualidade de vida do povo e fazer as reformas necessárias, principalmente a agrária. Para isso, contava com apoio do sindicalismo. E foram as entidades sindicais, lideradas pelo CGT (Comando Geral dos Trabalhadores), que convocaram, por edital, o grande comício pelas reformas de base: dia 13 de março de 1964, em frente à estação de trens Central do Brasil, no Rio de Janeiro.

O evento reuniu 150 mil pessoas, uma extraordinária multidão para uma época em que o Brasil tinha cerca de 60 milhões de habitantes. Jango anunciava a intenção de fazer uma série de reformas, entre elas: reforma agrária, reforma bancária, reforma universitária, fortalecimento do monopólio estatal do petróleo, desapropriação das fazendas acima de 100 hectares.

A presença maciça era de trabalhadores. Entre eles estava o jovem metalúrgico Edmílson Felipe Nery,d e Guarulhos. Ele conta: “Fui até São Paulo e me juntei à delegação de companheiros. Fomos de trem até o Rio. Desembarcamos na Central do Brasil, local do comício”. As principais lideranças populares brasileiras estavam no palanque. Edmílson lembra: “Falaram o Jango, o Brizola, o Prestes e outras lideranças. Eram vivas a Fidel. Vivas a Cuba. Acreditávamos até no impossível”.

Edmílson, que viria a ser presidente do nosso Sindicato e hoje preside a Associação dos Aposentados Metalúrgicos, pôde ir ao comício porque tinha estabilidade no emprego. “Eu já contava com nove anos de registro e esse tempo, pela CLT, me garantia estabilidade. Eu trabalhava na Condeal, uma empresa que ficava no Parque São Luiz. Era torneiro-ferramenteiro”.

Aquele comício irritou a direita. Carlos Lacerda passou a pregar, abertamente, o golpe. A mídia atacava as reformas. A Igreja inventava uma conspiração comunista. Tudo manipulação. Mas deu certo: em 1º de abril, a direita, a imprensa e os militares, com apoio descarado da CIA, desferiram o golpe militar, derrubaram Jango, estabeleceram a ditadura, cassaram sindicalistas e líderes da oposição, perseguiram adversários, prenderam, torturaram, mataram, exilaram.

Edmílson avalia que o movimento popular e sindical tinha muito entusiasmo e organização insuficiente. Não foi possível evitar o golpe e a ditadura. “Muita coisa ficou por fazer nesses 44 anos. Até a Educação foi deixada de lado.”

Estamos hoje, novamente, vivendo num governo popular. Edmílson não perdeu os ideais do jovem de 23 anos, que saiu de Guarulhos, tomou o trem e foi descer no local do Comício das Reformas de base. Ele avalia a situação atual: “Lula até pode querer fazer muita coisa, mas a podridão política impede.” Edmílson coloca o desafio: “Pra haver democracia tem que fazer revolução. Pra fazer revolução tem que haver democracia.”

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