Na Assembleia e com Almino
Registro, com alegria, que dia 20 de setembro nosso Sindicato foi homenageado em Sessão Solene na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, pelos 50 anos de fundação. A homenagem foi proposta pelo deputado Edson Ferrarini (PTB).
O deputado Ferrarini é oficial reformado da Polícia Militar. Sua reconhecida atuação social, principalmente na prevenção ao uso de drogas, o aproxima do trabalho do nosso Sindicato, que ajuda a manter o Instituto “Meu Futuro”, apoia o Programa Psicoprofissional a Desempregados, investe na formação profissional e dá suporte efetivo à prática esportiva, especialmente entre jovens. Todas ações agregadoras.
A Sessão teve presença de aproximadamente 400 pessoas, entre sindicalistas de diversas categorias profissionais, quatro Centrais Sindicais, autoridades, empresários e metalúrgicos da nossa base. Os trabalhadores, muitos jamais haviam entrado num recinto do Legislativo, foram recebidos com honrarias, numa cerimônia que lotou o plenário Juscelino Kubistcheck.
Foi uma semana de eventos importantes para nossa entidade. Dias antes, eu e mais dois diretores do Sindicato, havíamos participado de almoço com Almino Afonso, ministro do Trabalho do governo Jango, que assinou nossa Carta Sindical, em 1963. Fomos agradecer o gesto do então ministro e também manifestar nossa gratidão ao trabalhista histórico e homem público exemplar.
Almino acaba de escrever seu livro sobre 1964. Ele viveu intensamente aquele período, na condição de ministro do Trabalho e também de líder da bancada petebista. Foi cassado, amargou o exílio, voltou, elegeu-se vice-governador do Estado, foi deputado federal e agora dá os retoques finais numa obra que, já combinamos, será lançada em nosso Sindicato, no ano que vem.
A Sessão Solene na maior Assembleia Legislativa do País e o livro de Almino Afonso sobre 1964 revelam dois períodos diferentes da nossa história. E demonstram o quanto o Brasil mudou e a nossa democracia evoluiu. Hoje, um Sindicato de trabalhadores é homenageado em Sessão Solene. No passado, um deputado aliado dos trabalhadores era cassado e perseguido.
Boa parte dessa história vai sendo contada. Mas, ainda, há muito a ser passado a limpo. Por isso, considero importante a reunião da Comissão da Verdade, no Sindicato dos Engenheiros, em São Paulo, dia 1º de outubro, para ouvir lideranças perseguidas pela ditadura. Vão falar antigos dirigentes do Comando Geral dos Trabalhadores (CGT), inclusive seu último presidente, o mineiro Clodesmith Riani. O CGT foi desmantelado em 2 de abril de 1964, quando o regime destituiu e prendeu seus dirigentes.
O movimento sindical não quer escrever a história sozinho. Quer, apenas, ocupar o espaço de direito num País democrático. Quer, por que tem esse direito, recontar os fatos e reafirmar seu papel de agente efetivo na economia, na sociedade e na política.
José Pereira dos Santos
Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região
E-mail: pereira@metalurgico.org.br
Blog: www.pereirametalurgico.blogspot.com
Este artigo foi publicado no jornal Guarulhos Hoje, dia 25 de setembro.