Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região
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Por que Jango

A versão oficial da história é contada pelos vencedores. Por isso, durante décadas, prevaleceram várias teses a respeito do presidente trabalhista João Goulart, que havia assumido em setembro de 1961, após renúncia de Jânio Quadros.

A primeira tese, e mais forte, que intimidou parcelas da população e instigou o clero católico: Jango era comunista ou tinha simpatias pelo comunismo. Tese falsa, pois ele era fazendeiro, dono de muitas terras e gado, bens de grande valor numa época em que o Brasil mantinha-se, em boa parte, agrário.

Jango era, isso sim, trabalhista e nacionalista. Quando ministro do Trabalho de Getúlio Vargas, nos anos 50, dobrou o salário mínimo. E, já Presidente, assinou a lei do 13º salário e outras que asseguravam direitos e valorizavam os trabalhadores. Além isso, apesar de fazendeiro, Jango era a favor da reforma agrária.

Outra tese é de que se tratava de um governo sem apoio popular. Pois bem: há cerca de um mês veio à luz pesquisa do Ibope, guardada desde então, revelando que o Presidente dispunha de 66% de aprovação. Nas Capitais, perdia para Juscelino apenas em Belo Horizonte e Fortaleza.

Reformas - O golpe de 1964 há tempos vinha sendo preparado. A história mostra que o governo norte-americano agia com empenho, inclusive deslocando forças militares para a nossa costa. O argumento era de que as reformas de base, anunciadas no discurso da Central do Brasil, em 13 de março de 1964, eram comunizantes. Também falso.

As chamadas reformas de base eram várias iniciativas: as reformas bancária, fiscal, urbana, administrativa, agrária (nas beiras de rodovias e margens de lagos) e universitária, voto aos analfabetos, além de maior controle dos investimentos estrangeiros, regulamentando-se remessas de lucros ao Exterior. Iniciativas totalmente coerentes com aquele momento histórico. Se o Brasil tivesse aprovado essas reformas, estaríamos 100 anos a frente em termos de desenvolvimento e justiça social.

Na verdade, Jango pagou por suas qualidades, honestidade e defesa do que chamamos hoje de soberania nacional e inclusão social. Pagou com a perda do mandato e da própria vida, ao morrer exilado em 1976, talvez por envenenamento - fato que está sendo apurado, sem muita segurança nos resultados, dado o longo tempo já passado.

Homenagem - Em 30 de abril deste ano, no aniversário dos 50 anos do Sindicato, homenageamos João Goulart na pessoa de seu filho João Vicente. Fizemos porque foi em seu governo que nosso Sindicato obteve reconhecimento, em razão de seus compromissos com os trabalhadores e a Nação e também como forma de valorizar sua memória.

Dia da Consciência Negra - Mais que feriado, a data de hoje propicia reflexão. Precisamos construir um ambiente de tolerância, partindo do princípio, cristão e fraterno, de que todos somos seres humanos.

Ninguém é dono da verdade. Mas a verdade precisa ser buscada.

José Pereira dos Santos
Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região
E-mail: pereira@metalurgico.org.br
Blog: www.pereirametalurgico.blogspot.com

Este artigo foi publicado no jornal Guarulhos Hoje, dia 20 de novembro.

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