Nos próximos dias, estarei em missão sindical em Angola. Representarei a Força Sindical e os Metalúrgicos de Guarulhos no 5º Congresso da Central UNTA-CS, na capital do país.

O país africano tem muitas afinidades com o Brasil. Falamos a mesma língua, cultivamos hábitos semelhantes e temos interesses geopolíticos parecidos. Sem contar que parte da população negra brasileira tem origem angolana, devido aos tempos de escravidão.

Angola tem um grande território, produz petróleo e está em processo de desenvolvimento. Muitas empresas brasileiras já operam por lá, com perspectivas de mais negócios. Ou seja, temos tudo pra expandir os interesses comuns.

De certa forma, minha ida a Angola continua um trabalho já em andamento com sindicalistas da comunidade dos países de língua portuguesa. Temos feito encontros e debatido ações conjuntas, como ocorreu na última reunião da Organização Internacional do Trabalho, em Genebra. Essa aproximação prosseguirá, agora.

O mundo é globalizado. A cada dia, os interesses econômicos, sociais, culturais e tecnológicos ficam próximos. Portanto, eventos como o Congresso da UNTA são uma oportunidade concreta de o movimento sindical expor propostas. A construção de alianças sólidas com esses países não deve ficar só para governos e investidores. O ponto de vista dos trabalhadores deve também ser levado em conta.

O Brasil é uma potência regional. Nossas empresas e nosso mercado chamam a atenção do mundo inteiro, principalmente dos povos com quem temos relações mais antigas, como os angolanos. Os companheiros dos países africanos e também dos Brics respeitam a experiência sindical brasileira. Sabem que aqui há uma estrutura sindical sólida, protegida da ingerência do Estado e com forte poder de mobilização.

Quando viajo a esses lugares, sei que voltarei sabendo mais, por poder conhecer outros povos, culturas e outras experiências. Também gosto de levar publicações metalúrgicas e da Força Sindical, a fim de deixar o registro de nossas lutas, demandas e experiências.

O intercâmbio sindical irmana pessoas e fortalece os laços entre os povos. Nas últimas semanas, temos visto cenas chocantes de intolerância contra migrantes que tentam entrar na Europa. Minha atuação em um congresso sindical na África não resolverá esse problema. Mas é sempre a oportunidade de uma participação fraterna, propositiva e construtiva.

Fiz minha formação política no Partidão, onde aprendi que somos parte da mesma humanidade. Maiores que as diferenças são as nossas afinidades. O desafio é fortalecer aquilo que nos une. Um abraço aos trabalhadores de todo País. Unidos seremos mais fortes.

José Pereira dos Santos

Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região

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Este artigo foi publicado no jornal Guarulhos Hoje, dia 23 de setembro de 2015.