A respeitabilidade das instituições é construída permanentemente. Essa construção depende de todos, mas, principalmente, das decisões de seus dirigentes. A regra vale para partidos, corporações e também Sindicatos.

Neste momento, nosso Sindicato participa da campanha salarial unificada dos Metalúrgicos do Estado de São Paulo, ligados à Força Sindical. É um momento crucial para os 54 Sindicatos filiados à Federação, porque, além do reajuste salarial anual, estamos discutindo também direitos que integram ou podem vir a integrar a Convenção Coletiva de Trabalho.

A campanha salarial transita por dois caminhos – o da mobilização na base e o da negociação com o patronato -, pelos quais buscamos convergir para um acordo coletivo benéfico aos trabalhadores que representamos. Uma campanha salarial bem conduzida virá reforçar nossa representatividade. Por isso, o comando das negociações busca fazer a melhor campanha.

Mas não é só isso que o Sindicato faz nesse momento. Ao contrário. Atuamos em várias frentes de ação. Quero citar uma importante vitória, que acabamos de ter junto à empresa Visteon, que é a reintegração de uma trabalhadora ao emprego, após 21 anos de demanda tocada pelo Jurídico do nosso Sindicato. Esse tipo de ação, bem conduzida, aumenta a confiabilidade da categoria em seu órgão de classe.

O Brasil passa por uma crise séria. E um dos aspectos dessa crise é o descrédito em governantes e instituições. É chocante, também, que apenas 5% dos brasileiros confiem em nossa imprensa. Também chama atenção a enorme rejeição a líderes políticos conhecidos.

Alguma coisa está errada, e muito errada. Há uma visível corrosão da confiança do nosso povo, o que é perigoso para a própria democracia. Há, também, uma distância abissal entre governantes e governados – colocando em cheque mandatos e formas tradicionais de representação.

O sindicalismo está atento a isso. Na própria Força Sindical, tenho participado de debates sobre a chamada autorregulação da estrutura sindical e sobre a transparência no custeio e na destinação dos recursos arrecadados. Isso, certamente, nos tornará mais fortes e representativos, para defender os interesses representados e a fim de cobrar governos e patrões.

É fundamental manter este custeio do sistema sindical, porque existe também o sindicato patronal, que tem arrecadação imensamente superior à instituição dos trabalhadores – e com uma grande organização, apoio da mídia e influência política.

Não estamos em época de arroubos. Ao contrário. É hora de fazer cada coisa de uma vez, com o mínimo de erros, com firmeza e resultados efetivos. Seja a reintegração de uma trabalhadora a seu emprego, seja a realização de uma boa campanha salarial – ainda que a campanha possível ante a crise econômica, social e moral do País.

José Pereira dos Santos

Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região

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Este artigo foi publicado no jornal Guarulhos Hoje, dia 29 de outubro de 2015.