Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região
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Antes que seja tarde

Nas últimas décadas, nos acostumamos ao noticiário sobre baixos salários e más condições de trabalho na China. Parte verdade, parte propaganda dos países que perdiam mercado para os chineses, o fato é que fomos formando um conceito muito negativo sobre o trabalho naquele país.

Há poucos anos, a convite de uma entidade sindical, visitei alguns países vizinhos à China, vi e depois relatei o fato de que havia diversas fábricas chinesas por lá, explorando justamente a mão de obra mais barata e precária.

Semanas atrás, a Folha de S.Paulo noticiou o que parecia improvável. Ou seja, operário fabril chinês já ganha mais que o brasileiro funcionário de empresas em setores produtivos semelhantes.

Por que isso acontece? Por duas razões básicas. Primeiro porque em seu último Congresso o Partido Comunista Chinês aprovou como política de Estado elevar a massa salarial no país. A lógica é dar ao trabalhador local poder de consumir o bem que ele mesmo ajuda a produzir. A segunda razão tem outras explicações.

A mais convincente é a queda continuada da indústria brasileira em relação ao nosso Produto Interno Bruto. Ao perder potência e não se renovar em termos de tecnologia, investimentos e processos produtivos, a indústria começa a pagar menos, pois utiliza mão de obra de pouca qualificação. Outra razão, um pouco mais recente, se deve ao agravamento do desemprego. Com mão de obra sobrando, o salário cai, até porque o poder de pressão dos Sindicatos também diminui.

Mas as más notícias não ficam nisso. O governo Temer, após 13 anos, não deu aumento real para o salário mínimo, deixando congelado o ganho de 48 milhões de brasileiros, da ativa, aposentados e pensionistas. Pior: Temer acelera o projeto das reformas previdenciária e trabalhista e ainda quer aprovar o PL que visa abrir totalmente as terceirizações. Atenção: o Dieese mostra que o terceirizado ganha 27% abaixo do que recebe o diretamente contratado.

Indústria - Já estou ficando repetitivo. Mas cito matéria do Valor Econômico de segunda (6) sobre a queda brutal da nossa indústria. Veja: enquanto o PIB caía 8%, a produção industrial despencava 17%; a fabricação de carrocerias para carros, ônibus e caminhões caiu em 60%. O setor que menos encolheu foi o de produtos para o dia a dia, justamente porque há ainda algum poder de compra das famílias – poder que se esfarela com o desemprego, a falta de crédito ou os juros altos.

Gostaria de dar aqui boas notícias e traçar perspectivas otimistas. Mas a realidade não é essa e nos indica que temos de lutar, com todas as forças, pra reverter a política econômica atual e voltar a crescer. Antes que seja tarde demais. Nosso lema é “nenhum direito a menos”.

José Pereira dos Santos
Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região
e secretário nacional de Formação Sindical da Força Sindical

E-mail: pereira@metalurgico.org.br
Facebook: www.facebook.com/PereiraMetalurgico
Blog: www.pereirametalurgico.blogspot.com.br

Este artigo foi publicado no jornal Guarulhos Hoje do dia 08 de março de 2017.

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