Greve vitoriosa
A paralisação dia 28 foi a maior já realizada no Brasil. Fortalecida pela ampla adesão dos trabalhadores em transportes, a greve foi nacional, geral e unitária, pois reuniu todas as Centrais e correntes do sindicalismo.
Em Guarulhos, os ônibus não rodaram. Cerca de 25 mil metalúrgicos pararam e muitas fábricas ficaram vazias.
A força da greve teve impacto no Dia do Trabalhador, segunda-feira. As comemorações, de todas as Centrais, reforçaram a resistência às reformas que cortam direitos. No maior dos eventos, realizado pela Força Sindical, na Capital, o presidente Paulinho pôs em votação uma nova greve geral, caso o governo teime nas reformas. E obteve aprovação unânime.
Já na terça, sindicalistas se reuniram com senadores, a fim de evitar o rito urgente das reformas. Nós aceitamos discutir, mas o governo quer passar o trator, aprovando sem debate com o sindicalismo e a sociedade. As Centrais também voltam a se reunir, pra definir uma agenda unitária de ação.
O Brasil enfrenta recessão dramática e passa por grave crise política. É um cenário visto recentemente em países como Grécia e Espanha. Lá, os governantes afrontaram a vontade popular e implantaram políticas neoliberais. A crise só piorou, com mais desemprego e exclusão social. Aliás, o FMI elogiou as reformas de Temer. Se o FMI elogia, nós temos de nos vacinar, porque o Fundo é um mau conselheiro.
Mídia - Saúdo parte da mídia que deu ao fato sua dimensão real. Mas critico a grande imprensa, principalmente a Rede Globo, que tentou criminalizar a greve. Político que gravou vídeo ou chamou grevista de vagabundo perdeu oportunidade de ficar calado. Nenhum deles veio nos perguntar por que faríamos o movimento.
Todo governo diz que quer o melhor para o País. Mas a árvore se conhece pelos frutos. E os frutos da política econômica atual estão aí: maior desemprego da história, juros abusivos, quebradeira industrial e desnacionalização da economia.
As três reformas urgentes – política, tributária e fiscal – os governantes não colocam em prática. E não as defendem por faltar coragem de enfrentar o poder financeiro e o midiático, que dão as cartas na economia e suporte de propaganda ao governo.
Quero saudar a CNBB, OAB, UNE e outras entidades que apoiaram o movimento dia 28, dando à greve geral um caráter plural e cívico. Toda vez que as forças sociais se unem acontecem avanços. Assim foi no passado, assim será desta vez.
Parabenizo o sindicalismo guarulhense, que comandou um forte movimento. Temos tudo pra manter essa unidade, buscando o melhor para o Brasil, a região e a nossa cidade. Um abraço a você que fez greve ou se manifestou. Nenhum direito a menos!
José Pereira dos Santos
Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região
e secretário nacional de Formação Sindical da Força Sindical
E-mail: pereira@metalurgico.org.br
Facebook: www.facebook.com/PereiraMetalurgico
Blog: www.pereirametalurgico.blogspot.com.br
Este artigo foi publicado no jornal Guarulhos Hoje do dia 3 de maio de 2017.