Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região
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• 6/2/2019 - quarta-feira

Jogo sujo, rios imundos


Os países desenvolvidos procuram cuidar bem do meio ambiente. O entendimento é o de que a vida humana não está descolada de toda a cadeia ecológica. Ao contrário. É parte dela e precisa conviver de forma harmônica com os reinos animal, vegetal e mineral.

Uma das faces mais visíveis desse cuidado é a conservação, recuperação e revitalização dos seus rios. Infelizmente, não é o que vemos em nosso País. Aqui, os rios, córregos e o próprio lençol freático urbano estão dramaticamente contaminados.

Nas áreas distantes, muitos rios sofrem assoreamento - devido ao desmatamento acelerado - ou contaminação por mercúrio e outros metais tóxicos, principalmente por causa da mineração descontrolada e tantas vezes ilegal.

É bom prestarmos mais atenção ao crime de Brumadinho, sob responsabilidade da Vale. A imprensa fala em lama, mostra o imenso lamaçal se movendo e nos expõe imagens do rio Paraopeba tomado pela massa escura escorrida da barragem.

Passa-se a impressão de que é um tsunami de lama. Porém, infelizmente, é muito mais. As barragens são depósitos de resíduos tóxicos, de metais pesados e de agentes químicos altamente nocivos à saúde das pessoas, dos bichos, das plantas e de todas as formas de vida.

Já tínhamos visto esse filme de terror em Mariana, de onde a lama escorreu pela calha do Rio Doce e foi parar no mar do Estado do Espírito Santo. Uma devastação impressionante não só para o meio ambiente, como também aos pescadores, agricultores e produtores rurais em toda a extensão do vale do rio.

Não quero comparar catástrofes diferentes. Mas as sequelas de uma explosão atômica (Hiroshima, Nagasaki, Chernobil etc.) costumam durar décadas ou mais. Os vazamentos em Mariana e agora o de Brumadinho deixarão estragos por décadas, certamente. O tamanho desse estrago é gigantesco, mas pode ser ainda pior do que imaginamos.

Tudo isso aconteceu, gerou comoção, fez estragos, matou gente, sujou ainda mais a imagem mundial do Brasil e comprometeu a vida numa enorme região. A Vale sabia do risco e nada fez. Por isso, tão chocante quanto o vazamento é saber que seus diretores continuam livres, sem qualquer punição.

Se um lavrador for pego com sua cartucheira, após abater uma paca pra alimentar a família, vai preso sem dó nem piedade. Aqui, pegaram até agora dois engenheiros desconhecidos, dois bois de piranha. Lamento dizer. Mas, enquanto continuarmos assim, punindo só o gandula, o jogo sujo vai prosseguir impunemente.


José Pereira dos Santos - Presidente do Sindicato
dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região
e secretário nacional de Formação da Força Sindical
E-mail: pereira@metalurgico.org.br
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