Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região
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• 6/11/2019 - quarta-feira

Nossa memória exige respeito!

Somos um País onde a liberdade de expressão é assegurada. Por isso, pode-se falar a respeito de tudo, desde um simples jogo de futebol, o comportamento da economia e até sobre a manifestação insana de um deputado, como Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), insinuando a necessidade de um eventual novo AI-5.

Sabe por que o deputado pode falar assim? Porque existe liberdade plena. Liberdade que não existia quando da vigência do Ato Institucional número 5, baixado pelo governo militar em dezembro de 1968 - a censura passou a ser brutal, o Judiciário foi amordaçado e as perseguições chegavam à execução dos chamados inimigos.

Mas um deputado, ainda que disponha de imunidade e salvaguardas, não pode dizer o que bem entender, se suas palavras atentarem contra a ordem democrática e a Constituição. O citado parlamentar, cuja soberba ultrapassa limites, pode ser punido, com base na lei do Decoro Parlamentar, e perder o mandato.

Domingo, a Folha de S. Paulo publicou editorial que critica a forma rude e desrespeitosa com que o presidente da República trata jornais e jornalistas que não lhe beijam a mão. O alerta do jornal faz sentido, porque a liberdade de imprensa é uma trincheira da própria democracia. É natural a imprensa criticar governos e fiscalizar seus atos. Caso ultrapasse os limites, a lei está aí pra ser acionada por quem se sentir prejudicado.

Um Sindicato não deixa de ser também meio de comunicação. Quando publicamos jornal, boletim, anúncio, artigo ou postamos conteúdo em nossas redes sociais, estamos funcionando como um veículo entre a entidade e a categoria representada ou um grupo de trabalhadores de determinada empresa - ou mesmo com a coletividade. Portanto, pra falar com a base, precisamos ter o que dizer e como dizê-lo. Às vezes, numa situação de conflito, o Sindicato precisa ser duro, mas não desrespeitoso.

Quando minha geração lutava pela reconquista da democracia, uma palavra de ordem era “Ditadura nunca mais!” Precisamos resgatar aquele slogan e trazê-lo para o presente. As novas gerações não podem ser iludidas com a ideia de que a ditadura era uma época dourada, de crescimento da economia, emprego, renda, segurança e só vento a favor. Nada disso. Foi uma época muita pesada. O arrocho salarial virou política de Estado. O salário mínimo era de fome. As cidades inchavam com a migração, que foi estimulada, mas não teve planejamento. A favela de hoje é fruto da explosão urbana de ontem. E se a reforma urbana se tornou urgente é porque os governos de então fora omissos ou irresponsáveis.

O deputado citado é um homem jovem, que não viveu a ditadura. Que ele viva plenamente a sua juventude, mas não venha desfilar arrogância. Um parlamentar tem responsabilidade política e cidadã. Um dos seus compromissos é com a memória nacional. E com essa memória não se brinca.

José Pereira dos Santos - Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região
e secretário nacional de Formação da Força Sindical

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