Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região
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27/3/2020 - sexta-feira

Para Dieese, não há contradição entre
salvar vidas e preservar as empresas

 

Não existe conflito entre salvar vidas e defender a sobrevivência das empresas. A posição é do Departamento de Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).    

Para seu diretor-técnico, Fausto Augusto Junior, o pronunciamento do presidente Bolsonaro na terça (24) mostrou que a principal preocupação do governo é o ganho das empresas, e não a saúde da população.

Essa postura também se vê em decisões do governo, como a Medida Provisória (MP) 927, publicada domingo (22), que desprotege ainda mais os trabalhadores em meio à pandemia do coronavírus.

Fausto explicita a visão do Dieese: “Não existe conflito. Se as pessoas sobreviverem, as empresas também sobreviverão. O problema é que o governo só ouve um determinado setor do empresariado, e acaba refletindo essa percepção de que é preciso salvar a economia”.

Guarulhos - Rodolfo Viana, economista da subseção do Dieese no Sindicato, reforça que a grande diferença desta crise é que o problema será basicamente de fluxo. Para ele, não haverá uma economia devastada como em uma guerra, mas uma economia interrompida por conta de necessária quarentena. O economista diz: “É necessário que o Estado garanta uma renda básica universal neste período, permitindo aos trabalhadores o isolamento social e, em seguida, um amplo pacote de apoio pra estimular a economia, retomar empregos e evitar falências."


Rodolfo é economista e responde pela subseção do Dieese no Sindicato

Repactuação - Famílias e empresas passarão por um período de provação. A previsão do diretor-técnico do Dieese é que o endividamento vai demandar um novo pacto social para superar a crise.

“É possível repactuar a sociedade, especialmente a partir do endividamento das famílias e  empresas. As empresas não vão quebrar na quarentena, mas após essa fase, quando voltarmos à normalidade. É aí que o Estado tem que atuar, refazer contratos e alongar o perfil das dívidas ou mesmo perdoar”, comenta Fausto Junior.

Pra articular esse pacto, é preciso haver condições que garantam a saúde e a sobrevivência da população, como a renda básica durante o período emergencial, bem como crédito barato a empresas. Também é necessário garantir a segurança dos trabalhadores, principalmente nos serviços essenciais que continuam operando durante o período de isolamento.

MP 927 - O diretor-técnico do Dieese alerta sobre os impactos da MP 927, que vão muito além da suspensão dos contratos de trabalho por até quatro meses, sem remuneração, como queria o governo. Ele cita o afastamento dos Sindicatos das negociações coletivas, que passam a ter caráter individual, e a extensão das jornadas de trabalho como itens que preocupam.

Há também necessidade de comprovar “nexo causal” para que a contaminação por coronavírus seja considerada acidente de trabalho. Isso traz redução dos valores da aposentadoria e de eventual pensão por morte, caso o trabalhador não se consiga comprovar que o contágio ocorreu no exercício profissional. A MP também retira o período de estabilidade garantido no retorno ao trabalho, após afastamento por acidente. “Esta errado, pois é preciso dar mais segurança aos trabalhadores.”, ele critica.

 

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