Mulher de fibra à frente do Meu Futuro
A Personagem do mês de setembro é a atual coordenadora do Meu Futuro
A história de Valclécia Trindade emociona. De uma infância sofrida, hoje socióloga, dirigente da categoria têxtil, liderança na Força Sindical e coordenadora do Instituto Cultural e Esportivo Meu Futuro.
Nascida em Itapetinga no Sul, Bahia, ela teve 15 irmãos. Felizmente, todos estão vivos. São nove mulheres e seis homens. Seus pais também são vivos. O pai tem 97 e a mãe, 90 anos.
Com uma família tão numerosa, ela conta que precisou trabalhar desde cedo pra ajudar no sustento da casa e também para a própria sobrevivência. “Dos oito aos 11 anos, trabalhei na feira. Vendia temperos. Dos 11 aos 15, trabalhei em casa de família”, recorda.
Seus irmãos mais velhos iam tentar a vida em outras cidades e Estados. “Três vieram pra São Paulo e aos poucos trouxeram o restante da família, inclusive meus pais”. Hoje, eu moro na Zona Leste, Penha.
Casamento - Em 1990 conheceu seu marido Antonio Alves. Da união, dois filhos, Raquel Trindade e Caique Trindade de Oliveira (in memoriam). O jovem faleceu em 2017, em Dublin (Irlanda).
Profissão - Valclécia conta que chegou a São Paulo em julho de 1981. Em outubro, após completar 16 anos, começou seu primeiro emprego na São Paulo Alpargatas, na Mooca. Ela conta: “Na seção de confecção, comecei de ajudante-geral e depois como costureira de roupas jeans. Foi quando conheci o Sindicato e iniciei minha militância”.
Saiu da Alpargatas em 1984, e no mesmo ano conseguiu emprego na Linhas Corrente - Vila Ema, setor de fiação. Era maquinista de ring. Valclécia diz: “Fazia a preparação de fibras de algodão para produção de fios e linhas”. Foi demitida em 1986, quando descobriram que Valclécia militava no movimento sindical e político.
Em 1987, ingressou na Têxtil Tabacow, no Tatuapé, fábrica de tapetes e carpetes. Lá também foi maquinista de ring.
Em abril de 1993, foi demitida da empresa Tabacow, alegando justa causa. Ela explica: “Como eu integrava a diretoria do Sindicato, entrei com processo e a Justiça deu reintegração. A empresa recorreu, mas perdeu”.
Trajetória Sindical - Em 1990, Valclécia compôs a chapa do Sindicato dos Têxteis de SP e entrou pra diretoria. Em 1996, participou ativamente da Central Força Sindical, na Secretaria da Mulher, Criança e Adolescente. “Na secretaria, mulheres ligadas aos Sindicatos filiados se reuniam pra pensar estratégias de participação no movimento sindical. Eu era uma delas”.
Ela cita outra ação importante da Secretaria da Mulher, o Projeto IPEC (Programa para Eliminação do Trabalho Infantil da OIT). O objetivo do projeto era mobilizar, sensibilizar e conscientizar o sindicalismo na luta pela erradicação do trabalho infantil. Ela diz: “Me identifiquei nesse campo, talvez por ter trabalhado desde muito cedo e saber que isso pode comprometer a vida da criança”.
Em 1997, foi criada a Secretaria da Juventude, Criança e Adolescente da Força. Mônica Veloso, dos Metalúrgicos de Osasco, estava à frente. Valclécia conta: “Iniciamos um trabalho com esse público, incentivando jovens e mulheres a participar do movimento sindical. Buscamos atraí-los, incentivando a representação nos conselhos, grupos de discussão, comissões e outros”. Isso a ajudou a consolidar a Central.
Em 2001, elegeu-se na direção da Força, na executiva, como 1ª secretária-geral. “Fui representante da Central em comissão de trabalho infantil do Mercosul e coordenadora do Programa de Capacitação de Dirigentes e Assessores, desenvolvido pelo Dieese”, rememora.
Valclécia reunida com dirigentes da Força Sindical
Formação - Hoje, a garota que veio da Bahia é pós-graduada em Gestão em organizações do Terceiro Setor pela PUC-SP. Também é bacharel em Ciências Sociais pela Escola de Sociologia e Política de SP.
Meu Futuro - Desde 2005, ela fazia a Gestão do projeto social dos Metalúrgicos de Osasco, na Associação Eremim. Por sua experiência, nosso presidente José Pereira dos Santos a convidou pra ser consultora no Instituto Cultural Meu futuro. Explica: “Iniciei em 2017, buscando viabilizar recursos, a fim de continuidade ao projeto frente aos novos desafios”.
Em 2018, o Instituto participou do chamamento público junto à Secretaria de Desenvolvimento e Assistência Social e foi contemplado para o Serviço de convivência e fortalecimento de vínculos. “Já estamos no segundo ano de execução”, conta.
Valclécia com alunos do Meu Futuro
Há três anos coordena o Instituto. Valclécia Trindade afirma: “No Meu Futuro, trabalhamos além do que a escola ensina. Levamos em conta o convívio social e o que ele traz de forma coletiva. Complementamos a formação”.
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