Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região
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• 23/9/2020 - quarta-feira 

As árvores e a vida

Tente achar um córrego, um rio ou um lago despoluídos em Guarulhos. Tente fazer o mesmo na Grande São Paulo. Você achará meia dúzia, se tanto. Cabuçu, Pinheiros, Tietê? Todos poluídos, envenenados.

Nossas áreas verdes perdem espaço dia a dia, o que ajuda a elevar a temperatura média das cidades, afasta pássaros, desequilibra o ecossistema, torna as cidades selvas de concreto.

O micro interfere no macro. A violência contra a natureza nos ambientes urbanos também se esparrama para o setor rural. Só ingênuos não veem ligação entre as queimadas do Pantanal e o abandono de políticas preservacionistas. O Pantanal é a maior planície alagada do mundo. Como pega fogo daquele jeito?

Nós estamos em meio a uma pandemia agressiva, que contamina e mata. Ninguém pode alegar, com segurança, que inexiste relação entre a explosão do novo Coronavírus (e outros, do mesmo grupo) e a alteração do ecossistema.

O ser humano é a espécie dominante no planeta. Não somos a maior, muito menos a mais forte. Uma árvore é um ser vivo tão complexo quanto um mamífero, só que muito mais resistente.

Em 21 de setembro, se comemora o Dia da Árvore. Comemora é força de expressão, pois as queimadas imensas mostram que não há motivo pra comemorar. Mostram mais: que a ganância não tem pudor em praticar incêndios criminosos, se for pra aumentar pastos, plantação de soja e ganhar mais dinheiro. E, infelizmente, mostram um governo omisso.   

Em anos anteriores, nosso Sindicato sempre marcou essa data, seja com plantio de novas espécies ou por atividades educativas com alunos do Instituto Meu Futuro. A pandemia nos impede este ano de marcar tão importante dia. De todo mundo, nossa Mata Atlântica está lá, com quatro alqueires de reserva original.

As árvores são tão importantes que ilustram pontos importantes da literatura religiosa. Reza o cristianismo que no centro do mundo Deus pôs a Árvore da Vida, assim como a do Conhecimento, do Bem e do Mal. No hinduísmo, conta-se que Budha se iluminou e ascendeu à condição sagrada debeixo de uma figueira, que o cobriu e protegeu.

Nesta semana, os cientistas confirmaram a descoberta de um substância em Vênus que pode ser indicativa da presença de algum forma de vida naquele planeta quente e banhado de chuvas ácidas.

Ou seja, a mesma espécie humana que encontra sinal de vida no espaço sideral destrata a Terra, explora o próximo, judia de bichos, põe fogo na mata. Por ignorância, ganância ou soberba, esquecendo-se de cada um de nós veio do pó e ao pó voltará.

José Pereira dos Santos - Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região
e secretário nacional de Formação da Força Sindical

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