Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região
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Jornalista e Literato

Fundador do Olho Vivo


Terça, 2 de fevereiro, às 10h50, o Rômulo Magalhães, acompanhado do repórter fotográfico Claudio Omena, chegou à redação do portal Click Guarulhos, na rua Barber Greene, Jardim Santa Clara. A campainha da Sala 2 foi acionada três vezes por que havia entrevista marcada para as 11 horas.

Cinco minutos depois, desce o entrevistado e diz, antes do bom dia: “Me desculpem. É que eu estava escrevendo uma matéria pelo celular, sobre um caminhão que passou aqui na rua há pouco, derrubando toda a fiação. Estamos sem internet”. 

É Valdir Carleto, 67 anos, jornalista dos mais respeitos na cidade, sempre atento e cuidadoso com a notícia. Ele é nosso Personagem do Mês de fevereiro. Simples. De camisa manga curta bermuda e chinelo, emendou depois de comentar a notícia, olhando para o celular: “Desculpe o traje. Trabalho assim nos dias de muito calor. Mas só um minuto. Vou me trocar pra entrevista”.


Sorridente, Carleto contou toda a história do Olho Vivo (Fotos: Claudio Omena)

O cego - Sua história com a comunicação aconteceu de forma inusitada. “Estranhamente fui guiado por um cego”, conta, aos risos. Aos 13 anos, foi catequizado por um cego, conhecido como Plaza, que tinha uma espécie de rádio comunitária no bairro do Sapopemba, em São Paulo. “Fui conhecer a instalação e fiquei empolgado ao ver o cego mexer no aparelho”, recorda.

O garoto começou catalogando os discos da emissora e depois a ler os anúncios pro bairro. E algo lhe chamou a atenção: quando alguém precisava de remédio, cadeira de rodas, anunciava na rádio e sempre aparecia uma pessoa pra fazer a doação. “Percebi ali, ainda tão jovem, o quanto a comunicação pode ser útil à vida das pessoas”, enfatiza. 


Carleto recebeu a equipe do Sindicato na redação do portal Click Guarulhos (Fotos: Claudio Omena)

Bancário - Aos 18 anos, prestou concurso para o Banco do Brasil. Foi bancário 23 anos. Na década de 1980 chegou a ser delegado sindical (trabalhador que representa categoria em seu local de trabalho e tem ligação direta com o Sindicato). "Hoje, o sindicalismo perdeu a força com a Reforma Trabalhista. E mais ainda em algumas categorias, como a bancária. Não se compara a força de uma greve dos bancários hoje com as dos anos 1980 quando fui delegado sindical".

Comprou apartamento no Cecap, mudou-se pra Guarulhos em 1976. Em 1979, integrava o Conselho Comunitário do bairro, que tinha um jornal, o Comunicação. “A coluna mais lida chamava-se Olho Vivo, porque denunciávamos coisas erradas no bairro”, vai contando.

Primeira edição - O Comunicação parou de circular, mas os comerciantes pediram que Carleto continuasse com alguma publicação. “Assim, em 31 de janeiro de 1981, circulou a primeira edição do jornal Olho Vivo”, ele registra. Começou com oito páginas, era mensal. Em 1983, passou a sair duas vezes por mês. 

Dedicação - Por longos 15 anos, Valdir Carleto conciliou o trabalho no BB com a edição do jornal. Em 1995, aproveitou um Plano de Demissão Voluntária, saiu do Banco e começou a se dedicar integralmente ao Olho Vivo. 


Profissional relembra grandes coberturas dos impressos Olho Vivo e Diário de Guarulhos

Coberturas - Carleto relembrar algumas coberturas marcantes de que participou pelo Olho Vivo, como a inauguração do Aeroporto e a queda do avião da Transbrasil, que matou 25 pessoas. Ele diz: “Nosso fotógrafo Gilson Santos Ferreira foi uma das primeiras pessoas a chegar ao local. Imagens dele foram cedidas a outros órgãos de imprensa. Ele chegou a fotografar a fumaça saindo do avião”. 

O jornalista também rememora o trajeto da banda Mamonas Assassinas, que estourou no País. Veja só: “Quem primeiro divulgou as notícias dos Mamonas, quando ainda se chamava Utopia, foi o Olho Vivo. Fizemos também as fotos da gravação do disco”. 

A história do Olho Vivo também se confunde com a história da política contemporânea de Guarulhos. Valdir Carleto cita fatos políticos marcantes, como a cassação do prefeito Néfi Tales, em 1998. 

E olha que ele havia apoiado o então candidato em 1996, no segundo turno, mas com a promessa de que, se ele não fizesse diferente das outras gestões, o Olho Vivo seria o primeiro a criticar. O jornalista destaca: “E assim aconteceu. Mal ele assumiu e começaram a surgir denúncias de enriquecimento. O Ministério Público acionou a Justiça, o que acabou resultando em seu afastamento, em 1998. O Jovino Cândido assumiu. E nós noticiamos tudo”.


Além da vida profissional, o jornalista também falou sobre a sua vida pessoal

Diário - Em 2005, radical mudança no Olho Vivo. Além da parte estética, o informativo mudou de nome pra Diário de Guarulhos. Isso foi feito depois de uma sociedade selada entre Carleto e Alexandre Polesi, que vinha do Diário do Grande ABC. “Esperávamos que fosse a salvação da lavoura. Mas, financeiramente, não estávamos preparados pra montar essa estrutura, de um diário”.

Em 2009, Valdir Carleto desfez a sociedade. Vendeu sua parte do Diário e ficou com a Revista Guarulhos (RG). Em 2014, o Diário de Guarulhos saiu de circulação. Para o fundador do Olho Vivo, o principal legado que seus jornais deixaram para a cidade foi a integração. Ele comenta: “Nós integrávamos os leitores. Eram fiéis. Os populares também escreviam para nossos jornais, na coluna Tribuna Livre. Isso deixou uma grande marca”. 

O jornalista e empreendedor da comunicação faz um apelo pra que o último editor do Diário, Alexandre Polesi, doe o acervo à Universidade de Guarulhos ou Arquivo Municipal. E justifica: “É uma parte da história de Guarulhos que foi carinhosamente guardada por muitos anos. Desejo muito que essa história seja preservada e posta à disposição da população”.

Hoje, além da Revista Guarulhos, Valdir Carleto edita a Weekend e o portal Click Guarulhos. Recentemente, lançou o livro “Era Apenas Uma Brincadeira”. E desde 1º de janeiro preside Academia Guarulhense de Letras.


Além de jornalista e escritor, Carleto preside a Academia Guarulhense de Letras

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