Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região
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• 16/3/2021 - terça-feira

Do pobre ao burguês mais abastado, todo mundo tem uma história. Maria José Alves também. Aliás, muitas.

Pernambucana, migrante, operária têxtil, metalúrgica, cipeira e ativista sindical, a doutora advoga há mais de duas décadas para  o Sindicato. Parte dessa trajetória você lê aqui na seção “Personagem do Mês”.

Essa advogada, filha de Cachoeirinha, no agreste pernambucano, abrilhanta, com seu exemplo, a homenagem do “Março-Mulher” feita pelo Departamento Feminino do Sindicato nesta espaço.

Mãe de três filhos, Maria José estudou com dificuldades - e graças a bolsa que obteve com apoio da diretoria do Sindicato. O estudo ajudou a romper o cerco econômico e também patronal por causa de sua militância sindical. “Nos anos 80, acabei entrando na lista negra. Não conseguia emprego. Era selecionada, passava no exame médico, mas, na hora agá, me cortavam”, relembra.

Seu último emprego, antes de trabalhar de recepcionista no Sindicato, havia sido na Olivetti (Guarulhos). Da recepção foi pra escola do Sindicato e depois passou a assistente no Jurídico. Após se formar, integrou nossa equipe de advogados. Até hoje, 24 anos depois.


2014 - Maria José ministra palestra às metalúrgicas da base sobre a lei Maria da Penha

Nosso Jurídico cuida de processos na primeira instância. Na Segunda, atua a Federação. O TST fica com a Confederação. A dra. Maria José Alves conta sua rotina: “Atendo, entrevisto, faço petição, distribuo processo, buscando os direitos do trabalhador. Eu sempre recomendo que o metalúrgico fique sócio, procure o Sindicato e busque a Justiça quando sentir que esse é o caminho”.

De família católica e hoje Adventista, Maria José crê que a fé fortalece o sentido ético da existência. Considera-se bem-humorada, gosta de cinema “e de cantar no chuveiro”, mas seu prazer mesmo é reunir a família e os amigos. “Sou agregadora”, afirma.

Nem toda demanda que chega ao Jurídico vira processo. Teve o caso de três trabalhadoras fortemente assediadas pelo chefe. O caso foi a mediação na então DRT. As trabalhadoras conseguiram o emprego de volta e receberam pelo período em que ficaram desligadas. A dra. observa: “Foi decisivo o apoio da diretoria do Sindicato”. O caso, pela sua complexidade, teve até exame pra constatar “corpo de delito”. Vários cipeiros também foram reintegrados graças à atuação do Jurídico.

Maria José Alves valoriza poder usar seu conhecimento jurídico pra beneficiar pessoas. “Isso gratifica e anima”, comenta.

Trajetória - Sua vida de metalúrgica começou em 1984, na Eletrocomp (Cumbica). Lá conheceu o mundo do sindicalismo e foi eleita Delegada. Maria José relembra: “O Antônio Augusto, que era vice-presidente, foi fazer uma assembleia e disse que precisava de dois delegados. Como sempre fui comunicativa e atuante, os companheiros me elegeram”.

Ela também ajudou organizar greves. Em 1986, quando na Olivetti, foi a única mulher da turma de 24 demitidos, porque fizeram greve contra atraso salarial. Lá também foi cipeira. Após tantas lutas, caiu na lista negra patronal e recorreu ao Sindicato. “Não conseguia emprego; vim pedir ajuda. O presidente Chicão me deu oportunidade como recepcionista”. Em 1992, Maria José começou a cursar Direito na UNG, onde se formou em 1996, quando passou a advogar na entidade.

Ataques - A advogada chama a Reforma Trabalhista de Michel Temer de tragédia. “Desde a Reforma, a partir de novembro de 2017, o Direito do Trabalho está sendo jogado na lama. Querem a volta da escravidão”. Ela avalia que um dos pontos mais prejudiciais é o trabalhador ter que pagar custas processuais. 

Mulher – Devido a toda essa experiência, Maria José Alves se especializou no assunto de assédio moral. “Tem muitos casos de assédio moral e também sexual. Todos chegam a mim. Outro dia, atendi uma trabalhadora que o chefe assediava de todo jeito. Era abusado. Orientei a entrar com rescisão indireta. Minha preocupação maior é que a mulher se cuide, denuncie, não se cale. Não só no trabalho, mas em casa também. Qualquer assédio, denuncie que o Sindicato abraça essa luta”.


Dra. Maria José trabalha há 34 anos no Sindicato; 25 deles é pro Departamento Jurídico 

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