Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região
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• 01/7/2021 - quinta-feira


José Pereira dos Santos

Menino carvoeiro, homem metalúrgico

Ele começou a trabalhar muito cedo. No interior de Minas, em Veredinha, aos 10 anos já era carvoeiro. Chegou em Guarulhos aos 18. Trabalhou no antigo Turmalina (supermercado no Cocaia), onde atuava das 9 às 21 horas, e local em que morou por muito tempo. 

Também trabalhou em duas agências bancárias, como vigilante, até chegar à metalúrgica Microlite. Fez curso profissional em nosso Sindicato, se formou em controle de qualidade e passou a atuar na produção da empresa.

O contato com a cidade grande e seus desafios agitou o sentimento político do jovem José, cuja trajetória começou na militância sindical e culminou na presidência do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região. 


Pereira discursa em nossa tradicional festa do Dia do Trabalhador, em 2004, no Parque Cecap

Família - Casado com Vera, pai de dois filhos, 20 anos de serviços na presidência da entidade, Pereira deixa o cargo em 24 de julho pra dar lugar a Josinaldo José de Barros (Cabeça). 

Pereira é o “Personagem do Mês”. Ele fala da sua vida: a chegada em Guarulhos, a entrada no sindicalismo, consolidação no sindicalismo, de seu legado e do futuro. 

Início - Pereira foi guarda na Microlite e passou a atuar na produção depois de se formar em Controle de Qualidade na escola profissional do Sindicato, em 1985. Chegou ao sindicalismo através do PCB (Partidão). Ele lembra: “Em 1986 teve eleição. Na montagem da chapa, o Chicão (Francisco Cardoso Filho, ex-presidente), foi procurar um nome no Partidão e me indicaram. Fui convidado pra compor a chapa e vencemos a eleição”.

Em 1987, Pereira assumiu como diretor sindical e começou a se destacar por seu trabalho e negociação nas empresas. “No primeiro mandato eu ficava na porta de fábricas anotando tudo o que os trabalhadores precisavam: cesta básica, convênio, restaurante... Então negociava com a empresa e muitas vezes tinha êxito”. 

Três anos depois, em 1990, saiu da última suplência pra vice-presidência. A chapa foi eleita. Em 1993, foi eleito como secretário-geral, onde ficou até 1997. “Nessa década, tivemos um trabalho árduo nas fábricas. Foram greves e mais greves. Nossa Convenção Coletiva tinha 20 e poucas cláusulas. Ampliamos pra mais de 100. Se hoje o jovem tem respaldo quando chega na empresa é  porque nós conquistamos”. 


Pereira fala em assembleia com trabalhadores da Campanha Salarial de 1988

Greves - Pereira relembrou famosas greves comandadas pelo Sindicato. “Na Microlite mesmo, houve 13 dias de greve. Graças a essa luta, conseguimos 13% de reajuste, cesta básica e até ar-condicionado no refeitório”. Ele também cita as greve da Nec do Brasil (mais de oito dias), da Anacol (fábrica de tubos da pasta de dente Kolynos), da Phillips e da greve Andorinha, que paralisou diversas fábricas. “Em 1989 fui preso numa greve geral em frente à Cindumel no Itapegica”, conta. 

Presidência - Depois da consolidação na diretoria da entidade, Pereira chegou à presidência. Em 2000, o então presidente Chicão se elegeu vereador e Pereira ficou em seu lugar por alguns meses. Em 2001, liderou a chapa, eleita com 97,2% dos votos. Ele diz: “Fizemos uma boa gestão. Construímos patrimônio, reformamos a Colônia, e conquistamos muitos benefícios pra categoria, com ganhos salariais e PLR - Participação nos Lucros e/ou Resultados -, que é uma das marcas do nosso Sindicato”. 


Pereira em assembleia no Sindicato em 1987

Meu Futuro - O Instituto Cultural e Esportivo Meu Futuro é um projeto social que já beneficiou milhares de crianças, adolescentes eu suas famílias no Parque Primavera. “Idealizei o projeto e tenho orgulho de ajudar as crianças carentes. Ninguém tinha feito isso antes. Ajudar crianças, famílias, dar formação profissional. Durante todos esses anos, tiramos muitas crianças da rua e colocamos no mercado de trabalho. Isso é fantástico!” 


MEU FUTURO - Presidente Pereira participou do aniversário de 15 anos da entidade que fundou

Política - “O governo Lula poderia ter feito mais. Precisava fortalecer os trabalhadores, como está fazendo o presidente dos EUA, que valoriza o movimento sindical. O Michel Temer foi o estopim de tudo. Acabou com a vida dos trabalhadores. Fez a Reforma Trabalhista e a Previdenciária. Bolsonaro piorou tudo. E o trabalhador não consegue perceber o abismo onde está caindo”.

História - Pereira deixa importante legado. Além do patrimônio da entidade, que considera “invejável”, ele destaca 14 anos de aumento real dos trabalhadores, melhora na qualidade de vida da categoria, segurança nas fábricas, valorização das Cipas e unidade da diretoria. “A gente sempre atuou em equipe. Essa diretoria tem lealdade e respeito. Trabalhamos duro”.


Pereira comanda ato de entrega da pauta da campanha salarial na Fiesp, em São Paulo

Continua: “Tenho orgulho do meu trabalho. Deixamos um legado e eu faço parte da história desse Sindicato, que completou 58 anos em abril. Eu tenho 62. Desses 58, eu tenho 34 anos aqui dentro. Então mais da metade da minha vida tem sido vivida na entidade”. 

Sucessor - Para Pereira, seu sucessor Cabeça (Josinaldo José de Barros) é bom negociador, é capaz e aprendeu muito enquanto vice-presidente. “Teve liberdade pra no último mandato ir às fábricas, fazer negociações. Essa sempre foi minha intenção. Provou que tem condições e  com o tempo vai aprender mais. Confio que fará um bom trabalho. E espero que seja a melhor gestão de todas”. 


Cabeça com Pereira no protesto de 1º de maio de 2021. Atual presidente confia no sucessor

Futuro - Pereira fala sobre o futuro do Sindicato e do sindicalismo em geral. Ele diz: “Tem que renovar, abrir espaço, ter cabeças novas e pensantes. Esse é o futuro de todo o sindicalismo, colocar mais jovens”. 

Sobre seu futuro, ele observa: “Encerrando minha missão na presidência, terei mais liberdade pra atuar na vida partidária. Se eu tiver essa oportunidade, penso em construir aquilo que eu sempre quis fazer. No Sindicato eu faço pra categoria. Agora quero fazer pra sociedade”. 

Companheiros - Ao elaborar o perfil do nosso presidente, ouvimos duas pessoas que o conhecem de longa data. Miguel Torres, presidente da Força Sindical, e Amauri Rodrigues, ex-companheiro de Partidão, vigilante e presidente do Sindicato da categoria em Guarulhos e Região.

“Pereira tem um nome consolidado no sindicalismo, especialmente no setor metalúrgico. Destaco, entre suas qualidades, seu modo agregador. Ele não é de ficar preso a problemas. Pereira sempre se concentra nas soluções” - Miguel Torres.

“O Sindicato dos Metalúrgicos gerou grandes dirigentes e presidentes. José Pereira dos Santos faz parte dessa tradição. É um companheiro solidário e sempre pronto a apoiar os amigos e as lutas sindicais” - Amauri Rodrigues.


Sorridente, Pereira deixa cargo com missão cumprida

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